|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Causa de dor de cabeça pode estar na boca
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Consultas a clínicos-gerais e
otorrinolaringologistas, realização de vários exames e três anos
sofrendo de intensas dores de cabeça e pressão na face e no pescoço até ter o problema resolvido
por um dentista.
A experiência, nesse caso vivida
pela estudante Adriana Machado
Marques, 21, é compartilhada, em
menor ou maior grau, por grande
parte da população brasileira
-especialmente as mulheres-,
que sofre de problemas nas articulações que ligam o osso da
mandíbula à cabeça, as ATMs.
E o que é mais sério: nem sempre essas pessoas sabem que a
causa da dor está na boca.
A articulação da mandíbula é
responsável por todas as funções
que necessitam de abertura da
boca, como fala, mastigação e bocejo. Se essa articulação não funcionar adequadamente, podem
ocorrer sensação de pressão na
região dos ouvidos ou queixo, dores de cabeça, dificuldade em
abrir a boca ou ao mastigar alimentos, cansaço na face ao acordar e estalos ao abrir a boca.
"As pessoas não imaginam que
uma dor cervical ou nos ombros
possa ter relação com os dentes.
Fazem verdadeiras peregrinações
em consultórios médicos, mas
não tratam a causa", diz o cirurgião-dentista Daldy Endo Marques, especializado em DCM (desordens crânio-mandibulares).
Segundo ele, a causa principal
dessas desordens é a falta de dentes na boca. A perda de um só
dente já pode provocar uma alteração nas articulações da mandíbula, afirma Marques.
Nesses casos, é fundamental
que haja a reposição dentária para
que a mordida seja feita de forma
correta e a articulação não seja
prejudicada, afirma a ortodontista Nerly Maria Juliano.
O uso de dentaduras malfeitas,
o bruxismo -ato de ranger os
dentes durante o sono-, os traumas, as malocusões- encaixe errado dos dentes- são outros
problemas que levam às desordens nas ATMs.
A estudante Adriana Marques
reunia dois desses problemas-
maloclusão e bruxismo-, mas
nenhum dos médicos que consultou chegou a relacioná-los com a
dor de cabeça que a atormentava
desde os 15 anos. "Era horrível.
Uma pressão constante na cabeça
e na face", diz.
Há três anos, depois de colocar
na boca um aparelho ortodôntico
e uma placa de resina acrílica para
adequar a posição do queixo e do
disco articular, ela conseguiu se livrar das dores.
Porém nem sempre a colocação
de um aparelho ortodôntico é a
solução para o problema, especialmente quando ele está mais
ajustado, afirma o cirurgião-dentista José Tadeu Siqueira.
É o caso da operadora de telemarketing Sandra Araújo da Silva
Vieira, 25, que sentia dores de cabeça desde a adolescência, relacionadas à uma maloclusão grave-havia uma distância de dois
dedos entre os seus dentes superiores e inferiores.
Aos 17 anos, após usar um aparelho ortodôntico para a correção
dentária, ela viu suas dores aumentarem ainda mais. "Pensava
que tinha um tumor", lembra. A
dor desapareceu após trocar de
dentista e corrigir o tratamento.
Por ser um problema multifatorial, o tratamento dos distúrbios
da ATM, especialmente os casos
crônicos, envolve atuação conjunta de dentista, fonoaudiólogo,
fisioterapeuta e de psicólogo.
O dentista reposiciona a mandíbula e, quando a musculatura da
face volta a funcionar adequadamente, refaz restaurações ou modifica a posição dos dentes, se necessário, com o uso de aparelhos
móveis ou fixos.
Segundo a fonoaudióloga Esther Bianchini, chefe do setor de
distúrbios da ATM do Cefac
(Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica), o trabalho
fonoaudiológico é complementar
a outros tratamentos da ATM e
busca adequar a função dos músculos e da movimentação da
mandíbula durante a fala, mastigação, deglutição e postura habitual da boca e mandíbula.
O profissional também realiza
terapia para a redução da dor,
controle funcional e mudança dos
maus hábitos, como apertar os
dentes ou a musculatura da boca,
roer unhas, morder caneta, pressionar a língua contra os dentes,
entre outros. O fisioterapeuta
atua no equilíbrio dos grupos
musculares que sustentam a postura correta do corpo.
Texto Anterior: Inverno: Campos do Jordão tenta melhorar trânsito Próximo Texto: Manifestações tornam difícil o diagnóstico Índice
|