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CAMPUS DE RISCO
Presença de policiais é defendida pela reitoria, que diz ter apenas um carro para fazer ronda na universidade
Aluno da UFBa rejeita segurança da PM
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Em nome de uma "rivalidade
histórica", quando o assunto é segurança, os estudantes da UFBa
(Universidade Federal da Bahia)
ignoram as estatísticas. Apesar
dos arrombamentos, seqüestros
relâmpagos, furtos, roubos e tentativas de estupros registrados
nos quatro campi da universidade
(Salvador e Cruz das Almas), os
estudantes não aceitam que a segurança da instituição seja realizada pela Polícia Militar, como
propõe a reitoria.
"O modelo de segurança que
nós queremos não comporta a
militarização dos campi", disse o
aluno de direito Vinícius da Silva,
22, um dos diretores do DCE (Diretório Central dos Estudantes).
De acordo com Silva, outras
medidas poderiam ser adotadas
pela instituição para acabar com a
insegurança -iluminação de toda a área externa dos departamentos, construção de muros e
de guaritas, contratação de guardas universitários e poda constante da vegetação.
A segurança dos quase 20,7 milhões de m2 da UFBa (285 mil metros quadrados de área construída) é feita por uma empresa terceirizada, a R$ 318 mil por mês.
Em toda a área universitária,
existem 110 postos para garantir a
segurança patrimonial.
Outros 68 vigiam as portarias e
apenas 30 integram a guarda universitária -cada posto tem, em
média, dois funcionários.
"Temos apenas um veículo para
rodar pela universidade. Não dá
para fazer nada, não temos recursos humanos suficientes", afirmou o engenheiro Luís Sérgio
Marinho, 38, prefeito dos campi
universitários da UFBa.
De acordo com Marinho, desde
o início do ano letivo, duas faculdades (dança e química) já foram
assaltadas. "Tivemos um prejuízo
de mais de R$ 60 mil com aparelhos eletrônicos que foram levados", disse o prefeito.
"Prisão"
Há duas semanas, alertado pelos vigilantes, o próprio Marinho
"prendeu" um assaltante que estava em uma sala da universidade, desmontando computadores.
O prefeito disse também que as
queixas prestadas pelos universitários não refletem a realidade.
"A nossa última estatística é de
2002, quando apenas 14 universitários reclamaram de alguma coisa." Segundo Marinho, os estudantes que têm relógios, carteiras,
bolsas e celulares roubados não
costumam prestar queixa. "Somente os casos mais graves, como
seqüestros relâmpagos ou arrombamentos de carros, são registrados", afirmou.
Uma das principais reivindicações dos alunos da UFBa, em greve há três semanas, é em relação à
contratação da guarda universitária. "Não aceitamos que a nossa
segurança seja realizada pela PM.
Seria até mais cômodo para a gente, mas, nos últimos anos, fomos
sempre perseguidos pela corporação. Com policiais dentro da
UFBa, pode acontecer de tudo, inclusive tiroteios e mortes", disse
Rodrigo Travi, 18, estudante de
engenharia elétrica.
Apesar da oposição dos alunos,
desde a semana passada, no campus de Ondina, um dos mais movimentados da UFBa, dois policiais militares começaram a fazer
rondas no local. "Queremos proteger o patrimônio da UFBa e dar
mais segurança aos estudantes",
disse Marinho.
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