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VIOLÊNCIA
O adolescente de 15 anos recebeu cinco tiros de um vigilante de uma empresa de segurança que atua no Alto de Pinheiros
Vigia mata estudante na zona oeste de SP
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Guilherme Mendes
de Almeida, 15, foi assassinado
com cinco tiros por um vigilante
no início da noite de anteontem,
em uma praça no Alto de Pinheiros, bairro de classe média alta da
zona oeste de São Paulo.
Segundo testemunhas, amigos
do rapaz, os tiros foram dados à
queima-roupa por um vigilante
da Itaim Vigilância, Comércio e
Serviços Ltda., que faz segurança
motorizada e monitora alarmes
de casas do bairro. O dono da empresa, Marcos Lenehrt de Oliveira, disse que os funcionários não
têm autorização para andar armados, nem liberação da Polícia
Federal para vigilância armada.
O pai do estudante, João Eduardo Mendes de Almeida, está desempregado. Vive da venda de espetinhos na Vila Madalena (também na zona oeste).
Uma discussão ocorrida na
quinta-feira pode ter levado ao
crime. Almeida e um grupo de
amigos que freqüentavam regularmente a praça Vicentina de
Carvalho discutiram nesse dia
com dois seguranças que estariam dirigindo em alta velocidade
em um Uno Mille branco.
"Eles sentavam ali, ficavam conversando, nunca tiveram problemas com a polícia ou com vigilantes", disse Joana, 17, irmã de Almeida, o caçula de quatro irmãos.
"A praça estava cheia de crianças
e senhoras caminhando, mas eles
andavam a 60 km ou 80 km por
hora", disse um rapaz de 16 anos,
amigo da vítima, que não se identificou. Segundo ele, os vigias discutiram com uma mulher ao quase baterem contra o carro dela.
O grupo se dirigiu aos seguranças e ameaçou chamar a polícia
caso continuassem circulando em
alta velocidade. "Podem chamar",
teria sido a resposta ouvida.
Anteontem, por volta das 18h,
Almeida voltou à praça, onde estavam seus colegas, antes de ir à
escola (cursava a 7ª série no colégio estadual Olavo Pezzoti). O
mesmo vigilante que conduzia o
carro na tarde anterior voltou a
passar pela praça, mas dessa vez
estava sozinho em um Palio que
trazia o nome da Itaim Vigilância.
O adolescente reconheceu o segurança e, ao passar por ele, gritou para que andasse "mais devagar". Segundo amigos da vítima, o
vigilante, então, saiu do carro e
apontou uma pistola para o grupo
-três garotos e três meninas.
Depois de pedir que os garotos
levantassem as suas blusas -para certificar-se de que não estavam armados-, o vigilante mandou que virassem de costas e colocassem as mãos na cabeça.
Em seguida, chamou por Almeida e exigiu que ninguém
olhasse para trás. "Quando ele
disse isso, sabíamos que ele atiraria no nosso amigo", contou um
estudante de 17 anos.
"Por que você fica me tirando?",
teria perguntado o segurança
com a arma apontada para o grupo. Segundo os amigos, Almeida
respondeu: "Eu só falei para você
andar mais devagar. Tem um
monte de gente que vem aqui para caminhar".
"Quando ele disse "caminhar",
levou o primeiro tiro, no maxilar", disse o estudante, que virou-se para ver o que aconteceria. Almeida tentou correr, mas levou
outros quatro disparos, no pescoço, no tórax e nas costas. Os adolescentes correram. Um morador
levou a vítima ao hospital Panamericano, mas ele chegou morto.
O provável assassino, segundo
José Pereira Lopes Neto, delegado
titular do 14º DP (Pinheiros), já
havia sido identificado ontem à
tarde pela polícia. O nome dele
não foi revelado. Além de ter características que coincidem com a
descrição das testemunhas, esse
homem foi apontado como o segurança que trabalhou no horário
do crime e que estava com os veículos da empresa. O dono da
Itaim disse à polícia que ele não é
registrado, apenas fazia bico.
Inicialmente, ele chegou a levar
à polícia documentos e fotos de
seus funcionários -mas apenas
dos registrados, não incluindo o
homem que se tornou o suspeito.
As testemunhas viram as fotos e
chegaram a reconhecer um dos
vigias da Itaim, que estaria escalado inicialmente para trabalhar no
horário do crime. Quando ele
chegou à delegacia, os adolescentes se desdisseram. Ele revelou
que havia trocado de plantão com
outro vigia, passou por exames
residuográficos e foi liberado.
Almeida foi enterrado ontem.
No início da noite, cerca de 50
amigos e parentes do estudante fizeram uma manifestação na praça onde ele foi assassinado.
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