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Longe de casa, imigrante luta hoje contra a saudade
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para alguns moradores de São
Paulo, cidade-abrigo de migrantes de todos os lugares, o Dia das
Mães será diferente. "Órfãos" por
geografia, eles não são obrigados
a enfrentar o barulho e o aperto
de restaurantes cheios, mas estão
fadados a lutar contra a saudade e
a solidão das datas comemorativas de família à distância.
O juiz potiguar Aírton Pinheiro,
34, morador de São Paulo há um
ano e dois meses, já sabe qual estratégia usar para evitar a tristeza.
"Devo almoçar com a mãe da minha namorada. Como não posso
visitar minha mãe, vou adotar a
sogra", diz ele.
Pinheiro diz que a distância
maltrata especialmente aos domingos, quando a mãe, que mora
em Natal, reúne as cinco filhas para o almoço. "Isso acontecerá no
domingo do Dia das Mães. E mesmo que eu me conecte à web, não
dá para pôr o computador no
meu lugar na mesa", lamenta. Ele
crê que a mãe também sentirá sua
falta, mas conta que pelo menos o
presente já está resolvido. "Mandei o que ela mais gosta: dinheiro
para escolher o que quiser."
A jornalista americana Karen
Keller, 27, -já veterana de separação, com 10 anos de distância
no currículo- usa uma estratégia
parecida. No ano passado, ela diz
que "se empolgou" e mandou flores no dia das mães. "Minha mãe
passou o dia todo chorando."
Neste ano, ela estará ocupada
com uma mudança bem na data
de homenagem à mãe, mas a promessa de presentinho já foi feita.
"Como eu estou muito ocupada
para fazer algo maior, prometi escrever um poema para minha
mãe. Mas ele vai com atraso. E o
telefonema, não sei nem como
vou dar, porque já entreguei a linha telefônica. Vai ter que ser rápido, de um orelhão."
Apesar de ser filha única, a analista de sistemas gaúcha Lisane
Heineck, 32, está despreocupada
com a programação da mãe. "Eu
moro fora há tanto tempo que ela
já se acostumou. Sente saudades,
mas não sofre", diz.
Heineck, para não sofrer, faz
programações alternativas com o
marido, também gaúcho e distante da mãe, e amigos na mesma
condição. "Neste ano, nós vamos
ao show do Pixies em Curitiba."
A gaúcha nunca deixou de enviar um mimo para a mãe. Neste
ano, no entanto, sua eficiência falhou. "Eu trabalhava perto de um
shopping, mas como meu escritório mudou de endereço, ficou superdifícil e não deu tempo de
comprar nada." De qualquer maneira, a mãe já está avisada. "Ela
vai entender", espera.
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