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Rapaz detido em blitz da PM é encontrado morto
André Lima de Araújo, 19, desapareceu em maio do ano passado, em Guarulhos
Depois de 460 dias, família identificou corpo que
havia sido enterrado como indigente em cemitério da cidade de Nazaré Paulista
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Quadra L, ala 6, lote 11. Cemitério de Nazaré Paulista (56 km
de SP). Foi nessa cova, onde estão enterrados outros cinco
"indigentes", que os parentes
do montador de brinquedos
André Lima de Araújo, 19, o encontraram na segunda, depois
de 460 dias de buscas em matagais, hospitais e necrotérios.
Araújo estava desaparecido
desde a noite de 1º de maio de
2007, quando, ao lado do cunhado, foi parado em uma blitz
da Polícia Militar na periferia
de Guarulhos (Grande SP).
Conforme revelou a Folha 11
dias após o seu sumiço, naquela
noite Araújo foi colocado em
um carro do 31º Batalhão porque, durante a abordagem dos
quatro PMs, omitiu o fato de
que fora acusado de um furto
seis meses antes.
Como, logo no início da abordagem, assumiu que tinha passagem policial, seu cunhado foi
liberado, não sem antes tomar
socos, tapas e pontapés, e acabou se tornando a principal
testemunha do crime.
Quando foram abordados,
Araújo e o cunhado, de 22 anos,
voltavam a pé de um lugar onde
haviam conseguido trabalho
como montadores de brinquedos de parques de diversão.
Durante os mesmos 460 dias
em que os familiares de Araújo
tentaram encontrá-lo, a Corregedoria da PM investigou seu
desaparecimento, mas nenhum policial chegou a ser
afastado das ruas pelo crime.
Na investigação, o cunhado
do rapaz disse ter reconhecido
o soldado Alexandre Gonçalves, hoje no 44º Batalhão da
PM, como um dos que colocaram Araújo no carro da polícia.
Após esse reconhecimento, o
cunhado diz ter passado a sofrer ameaças, abandonou a família e foi viver no Nordeste.
O PM Gonçalves não foi localizado ontem pela reportagem.
Até hoje, os outros três PMs
que participaram da abordagem não foram identificados.
De acordo com documentos
do delegado Luiz Carlos Ziliotti, da Polícia Civil de Nazaré, o
corpo de Araújo foi achado três
dias após o seu sumiço.
O rapaz estava caído em uma
ribanceira, com cinco tiros na
cabeça. Tinha um plástico na
cabeça e estava seminu.
Desde 4 de maio de 2007, o
corpo ficou à espera de identificação em uma geladeira do
IML de Bragança Paulista (83
km de SP). Em 20 de junho
deste ano, a juíza Fernanda
Gonçalves Grabert autorizou o
enterro. Antes, peritos colheram material biológico para o
exame de DNA.
Antes mesmo desse exame,
no entanto, a Polícia Civil cruzou dados do corpo achado em
Nazaré e de boletins de ocorrência de desaparecidos e avisou a família de Araújo que alguém com as características
dele estava morto.
A mãe o reconheceu por fotos. "Ficava batendo o mato
com facão, mas meu coração de
mãe nunca pressentiu que ele
estava enterrado como indigente junto com outras cinco
pessoas", disse Cisleir Lima de
Araújo, 39. "A gente tem que
confiar na polícia, não dá para
ter pânico dela."
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