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VANOR FERREIRA NETO (1936-2008)
A alegria botafoguense entre rubro-negros
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Vanor Ferreira Neto, chamado seu Vanor pelos amigos, teve um filho e dois sonhos: ver a família unida e o Botafogo todo ano campeão.
Não só teve de acompanhar os altos e baixos da
equipe do coração como viu
o filho virar a casaca. No álbum de família, o garoto vestia a número dez do Botafogo. Era forçado. Quando
cresceu, Maurício tornou-se
flamenguista.
Mesmo assim, o primeiro
dos sonhos se realizou. O pai
botafoguense levava o filho
flamenguista ao Maracanã.
Ficava na torcida do rival,
pelo bem da família.
Maurício se lembra até hoje daquele Botafogo e Flamengo. O time do pai deu de
3 a 0 no time do filho. Na
multidão de rubro-negros,
seu Vanor ficou na dele e, no
final da partida, não conseguiu segurar as lágrimas.
Questionado sobre a razão
do choro, respondeu que
compartilhava a dor da derrota com a torcida. Anos
mais tarde, Maurício entendeu que aquilo era alegria de
botafoguense disfarçada.
Filho de fazendeiro, Vanor
nasceu em Recreio (MG), fez
o serviço militar obrigatório
em Juiz de Fora (MG) e se
mudou para o Rio, atrás de
emprego. Começou na Esso,
passou por uma associação
médica e acabou na recém-criada ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), sempre na parte administrativa.
Foi casado por 38 anos e
funcionário da ABP por mais
de 40. Morreu na sexta, no
Rio, aos 72, de parada cardíaca. Deixou um flamenguista.
obituario@folhasp.com.br
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