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ENTREVISTA
Idoso deve redobrar cuidados com alimentação para evitar doenças
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando se fala em alimentação,
a impressão que se tem é que a
mídia e o mundo só têm olhos para os gordos demais e para os magros demais. Num universo quase
esquecido, estão os idosos, cuja
disposição dificulta a preparação
dos pratos e cujo organismo já
não absorve os alimentos da mesma maneira.
Formam, na verdade, um dos
grupos para o qual a alimentação
deveria merecer toda a atenção.
Não é o que vem acontecendo.
Três encontros atuais tratam
dos vários aspectos da nutrição: o
4º Congresso Internacional de
Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, que terminou ontem
em São Paulo, o Fórum Global para Doenças Crônicas não Transmissíveis, que começa hoje, e o 1º
Congresso Mundial da Nutrição,
que vai de 23 a 26 de novembro,
ambos no Rio de Janeiro.
O Fórum Global é o que mais se
dedica ao idoso, justamente porque seus maus hábitos alimentares podem levar a doenças crônicas como o câncer, o diabetes, a
hipertensão e enfermidades cardiovasculares.
"Mas quem quer comer bem na
velhice, e quem quer chegar com
saúde à velhice, tem que aprender
a comer bem desde pequeno", diz
o médico Kose Horibe, 65, ex-professor e cirurgião da USP e
presidente Academia Brasileira
de Antienvelhecimento.
Ele defende cuidados especiais
na alimentação do idoso, que vão
do ambiente social e o preparo
dos alimentos ao uso de suplementos. Essa ajuda ao organismo
pode ser encontrada em forma de
cápsulas, mas também em suplementos alimentares à base de
grãos vegetais, ricos em proteínas,
além de fibras, vitaminas A, E e D
e vários minerais. Um desses suplementos foi desenvolvido numa
parceria entre a Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz) e a Fugesp, uma fundação para o estudo da gastroenterologia e da nutrição, de São Paulo. O Brasil, que tinha 14,5 milhões
de pessoas acima de 65 anos em
2000, terá 30 milhões em 20 anos.
Leia abaixo trechos da entrevista
que Horibe concedeu à Folha.
Folha - É verdade que os idosos se
alimentam pior?
Kose Horibe - Sim, e por várias
razões, sem considerarmos dificuldades financeiras para adquirir os alimentos. O idoso, especialmente os que vivem só, já não
tem a mesma disposição para
comprar os alimentos e preparar
os pratos. Muitos têm dificuldade
para mastigar -o que exige alimentos mais moles. Também
acabam comendo sozinhos, o que
reduz o apetite. O idoso, especialmente, precisa de alimentação variada e saborosa, do contrário não
terá vontade de comer.
Folha - E o organismo em si, ele é
capaz de absorver as vitaminas, os
minerais e as proteínas da mesma
forma que um organismo jovem?
Horibe - Não é mais. Com a idade, as funções fisiológicas vão se
tornando mais lentas. O processo
de mastigação, de ingestão e de
desintegração dos alimentos já
não é o mesmo -e isso leva a
uma menor absorção. O organismo tira menos proveito dos benefícios que o alimento oferece. Daí
a necessidade de uma suplementação, de forma que o organismo
seja completado com sais minerais, vitaminas e micronutrientes,
como carboidratos e gorduras.
Uma alimentação e uma suplementação bem dosadas são capazes de neutralizar substâncias "tóxicas", que são os radicais livres.
Esses radicais são nocivos à saúde
das células. Hoje, a ciência tem
quase certeza de que a maioria
das doenças são provocadas por
esses radicais.
Folha - Essa suplementação está
presente nos próprios alimentos?
Horibe - A melhor alimentação é
a mais variada possível, um cardápio com frutas, verduras, proteínas de origem vegetal e alimentos com a menor quantidade possível de carboidratos.
Como ninguém faz receitas perfeitas, e como o organismo idoso
se beneficia de uma ajuda, os suplementos passam a ser importantes. Eles podem ser encontrados em cápsulas, em farmácias e
lojas especiais, e também em concentrados extraídos dos próprios
alimentos. Hoje, já há universidades e centros de estudos preocupados com uma suplementação
alimentar ideal para os idosos.
Saiba mais no site:
http://abmae.com.br
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