|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Bater não é espancar; tem de haver limites"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quero que fique bem claro que bater não é espancar,
há limites", afirma a psicóloga Vilma Cristina Gomes de
Andrade, 42, que trabalha
para 17 escolas adventistas
da zona sul de São Paulo e é a
favor da palmada educativa.
A rede adventista tem 1,2
milhão alunos no mundo,
123 mil no Brasil e 10 mil na
zona sul. Para Andrade, a
correção pela palmada só
pode ser feita depois que o filho sabe exatamente os motivos, de preferência no banheiro e nunca na frente dos
outros.
(LF)
Folha - Bater nos filhos é
uma maneira de educar?
Vilma Cristina Gomes de
Andrade - Bater não educa
ninguém. O profeta Salomão diz, em provérbios, que
em alguns momentos nós
devemos "fustigar" o menino com a vara. Acontece que
essa interpretação tem sido
feita de forma errônea. Fustigar não quer dizer agredir,
espancar, machucar. Nós
orientamos a criança, dizemos que aquilo não deve ser
feito por algum motivo. Ela
tem a oportunidade de escolher. Mas algumas crianças
não têm maturidade suficiente, então palmadas no
bumbum são aceitas.
Folha - Por que a maioria
dos psicólogos não concorda?
Andrade - Não concordam
porque, às vezes, os pais não
conversaram com os filhos
antes e estão irados. Irados
perdemos o limite.
Folha - Qual seria o limite
entre educação e violência?
Andrade - Muitas vezes a
pessoa confunde limite com
agressividade. Limite é dar
um espaço tranqüilo e saudável para a criança se desenvolver, dentro de certas
normas, sempre mostrando
que quebrar as normas traz
conseqüências. Para que a
vida mais tarde não traga
conseqüências muitas vezes
irreparáveis, os pais ensinam com palmadas.
Folha - A criança não se sente humilhada com palmadas?
Andrade - A criança nunca
deve ser corrigida na frente
de outras pessoas. Aconselho o banheiro, que é o lugar
onde você deixa as coisas
ruins do seu corpo, onde joga fora o que não quer.
Folha - Qual o lugar mais recomendado para palmadas?
Andrade - Normalmente
no bumbum, nunca com a
mão, porque a mão que afaga não pode ser a mão que
pune. O chinelo faz muito
efeito ou uma varinha.
Texto Anterior: "Pais devem tentar negociar com os filhos" Próximo Texto: Análise - Frank Furedi: O castigo físico e o direito de impor disciplina Índice
|