São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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6 anos após a inauguração, linha 5-lilás do metrô passa a funcionar aos domingos

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

Moradores de uma das regiões mais carentes de São Paulo -e uma das mais deficientes em transporte público- tiveram que esperar por quase seis anos para, finalmente, utilizar o metrô aos domingos. Inaugurada em outubro de 2002, a linha 5-lilás do metrô, que liga o Capão Redondo ao largo Treze (zona sul), funcionou ontem pela primeira vez num domingo, faltando menos de dois meses para as eleições municipais.
"Faça-me o favor, já estava mais do que na hora", disse a funcionária pública Vera Lucia Collato, 58, que usou o metrô para ir fazer compras num hipermercado, três estações depois de Capão Redondo.
"Tenho dois domingos de folga por mês. Antes, dependia do caótico e ineficiente sistema de ônibus. Com metrô, a viagem é, ao menos, mais civilizada", afirmou Vera.
Outras linhas do metrô também foram inauguradas de forma parcial, mas não demoraram tanto tempo para ter a operação estendida aos finais de semana. A linha 1-azul (Tucuruvi-Jabaquara), por exemplo, começou a funcionar em setembro de 1974 e foi aberta aos sábados e domingos menos de um ano e meio depois.
O Metrô alega que, como o crescimento da demanda de passageiros não foi tão rápido na linha 5, por esta não ser integrada a outras linhas, o funcionamento aos domingos só ocorre agora.
A linha 5-lilás também passa a funcionar aos feriados, das 4h40 à meia-noite.
Três trens circularam pelas seis estações ontem. Pela manhã, o intervalo médio entre os trens nos dois sentidos foi de 7min30s, cronometrados, tempo inferior ao previsto pela própria companhia, que era de 8min27s.
Uma crítica que persiste desde o início do funcionamento da linha 5-lilás, relembrada ontem pelos usuários, é o fato de não ser interligada às demais. "Só falta agora a gente ter acesso à cidade, mas, para uma região tão carente como a nossa, ter metrô aos domingos e feriados é um passo à frente", comemorou Gisele Santos, 23, autônoma.
Na interpretação de quem vive nos extremos da periferia, "cidade" é a região que compreende o centro de São Paulo e a avenida Paulista.
Cerca de 110 mil pessoas usam a linha 5-lilás nos dias de semana. Nos domingos e feriados, o Metrô calcula que esse número deva cair para 37 mil. Ontem, porém, Dia dos Pais, domingo frio e cinzento, a quantidade era inferior. Hoje, o Metrô deve ter um balanço.
Com um trecho de 8,4 quilômetros de extensão, a linha 5 tem nas duas estações extremas terminais de ônibus. No meio do caminho, na estação Santo Amaro, há integração com os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Até 2010, segundo o Metrô, a linha 5 deve ganhar as estações Adolfo Pinheiro e Campo Belo. Depois, a linha deve seguir até a Chácara Klabin-integrando com a linha 2-verde (Vila Madalena-Alto do Ipiranga)- e à estação Santa Cruz -ligando com a linha 1-azul (Tucuruvi-Jabaquara).
Mas, por enquanto, "é uma linha que vai do fim do mundo e, de repente, opa, termina a meio caminho", nas palavras do pintor Manoel Nunes da Silva, 54, que pela primeira vez usou a linha 5 para visitar um parente no Capão Redondo. "Agora, uma coisa tem que ser dita. Os trens e as estações são as mais limpas que vi em São Paulo", acrescenta Silva.


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