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foco
6 anos após a inauguração, linha 5-lilás do metrô passa
a funcionar aos domingos
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Moradores de uma das regiões mais carentes de São
Paulo -e uma das mais deficientes em transporte público- tiveram que esperar por
quase seis anos para, finalmente, utilizar o metrô aos domingos. Inaugurada em outubro de 2002, a linha 5-lilás do
metrô, que liga o Capão Redondo ao largo Treze (zona
sul), funcionou ontem pela
primeira vez num domingo,
faltando menos de dois meses
para as eleições municipais.
"Faça-me o favor, já estava
mais do que na hora", disse a
funcionária pública Vera Lucia Collato, 58, que usou o metrô para ir fazer compras num
hipermercado, três estações
depois de Capão Redondo.
"Tenho dois domingos de
folga por mês. Antes, dependia
do caótico e ineficiente sistema de ônibus. Com metrô, a
viagem é, ao menos, mais civilizada", afirmou Vera.
Outras linhas do metrô também foram inauguradas de
forma parcial, mas não demoraram tanto tempo para ter a
operação estendida aos finais
de semana. A linha 1-azul (Tucuruvi-Jabaquara), por exemplo, começou a funcionar em
setembro de 1974 e foi aberta
aos sábados e domingos menos de um ano e meio depois.
O Metrô alega que, como o
crescimento da demanda de
passageiros não foi tão rápido
na linha 5, por esta não ser integrada a outras linhas, o funcionamento aos domingos só
ocorre agora.
A linha 5-lilás também passa a funcionar aos feriados, das
4h40 à meia-noite.
Três trens circularam pelas
seis estações ontem. Pela manhã, o intervalo médio entre
os trens nos dois sentidos foi
de 7min30s, cronometrados,
tempo inferior ao previsto pela própria companhia, que era
de 8min27s.
Uma crítica que persiste
desde o início do funcionamento da linha 5-lilás, relembrada ontem pelos usuários, é
o fato de não ser interligada às
demais. "Só falta agora a gente
ter acesso à cidade, mas, para
uma região tão carente como a
nossa, ter metrô aos domingos
e feriados é um passo à frente",
comemorou Gisele Santos, 23,
autônoma.
Na interpretação de quem
vive nos extremos da periferia,
"cidade" é a região que compreende o centro de São Paulo
e a avenida Paulista.
Cerca de 110 mil pessoas
usam a linha 5-lilás nos dias de
semana. Nos domingos e feriados, o Metrô calcula que esse
número deva cair para 37 mil.
Ontem, porém, Dia dos Pais,
domingo frio e cinzento, a
quantidade era inferior. Hoje,
o Metrô deve ter um balanço.
Com um trecho de 8,4 quilômetros de extensão, a linha 5
tem nas duas estações extremas terminais de ônibus. No
meio do caminho, na estação
Santo Amaro, há integração
com os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Até 2010, segundo o Metrô,
a linha 5 deve ganhar as estações Adolfo Pinheiro e Campo
Belo. Depois, a linha deve seguir até a Chácara Klabin-integrando com a linha 2-verde
(Vila Madalena-Alto do Ipiranga)- e à estação Santa
Cruz -ligando com a linha 1-azul (Tucuruvi-Jabaquara).
Mas, por enquanto, "é uma
linha que vai do fim do mundo
e, de repente, opa, termina a
meio caminho", nas palavras
do pintor Manoel Nunes da
Silva, 54, que pela primeira
vez usou a linha 5 para visitar
um parente no Capão Redondo. "Agora, uma coisa tem que
ser dita. Os trens e as estações
são as mais limpas que vi em
São Paulo", acrescenta Silva.
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