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Empresas rejeitam hipótese de custear remédios
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina
de Grupo), Arlindo de Almeida,
diz que a eventual inclusão do fornecimento de remédios nos planos de saúde, defendida pelo ministro da Saúde, Humberto Costa,
provoca aumento de custos. "Não
há dúvidas de que isso seria repassado para o consumidor."
A Abramge responde pela saúde de 18,4% dos usuários de planos de medicina suplementar do
país (7,6 milhões de pessoas).
Almeida concorda com o ministro sobre a necessidade de realizar um fórum para rever a atual
lei dos planos de saúde (9.656/98).
Ele afirma que todas as partes
(usuários, empresas e prestadores
de serviços) estão insatisfeitas.
Um dos principais pontos de insatisfação do setor, diz Almeida,
são os custos impostos pela lei.
Segundo ele, planos de saúde
que tiveram sua planilha de custo
montada a partir de determinadas regras agora são obrigados a
oferecer novos serviços sem aumentar o preço de forma equivalente. Um exemplo é a questão
das doenças preexistentes.
Pela lei, os planos são obrigados
a aceitar consumidores portadores de doenças preexistentes, como diabetes, câncer e hipertensão. Almeida diz que aceitar esse
tipo de cliente sem impor nenhum período de carência implica custos que as empresas não
têm condições de suportar sem
aumentar preços.
João Amoroso Lima, diretor de
Saúde da Fenaseg (Federação das
Empresas de Seguros Privados e
de Capitalização), diz que a política de assistência farmacêutica não
pode ser misturada com os planos
de medicina suplementar.
É preciso, segundo ele, criar um
outro tipo de plano para oferecer
esse serviço, como é feito com a
assistência odontológica.
Outra alternativa, diz Amoroso
Lima, é as empresas fornecerem a
seus empregados auxílio-medicamento, assim como ocorre com o
vale-transporte. Em troca, pagariam menos impostos.
As seguradoras de saúde representadas pela Fenaseg têm aproximadamente 5,2 milhões de
clientes no país.
Para Amoroso Lima, a Justiça
reconhece as "inconsistências" da
lei atual, já que as empresas têm
conseguido liminares contra a decisão de ressarcir o SUS.
Reajustes
O maior problema da regulação
do setor, ainda segundo Amoroso
Lima, é que o reajuste anual de
preços (7,69%), ditado pelo governo, é igual para todas as operadoras. Para ele, o reajuste deveria
respeitar o perfil de cada empresa.
"Saúde não tem preço, mas tem
um custo alto, que precisa ser administrado", diz ele.
Amoroso Lima é contra a realização de mais um fórum para discutir o setor. Para ele, o local certo
das discussões é a já existente Câmara de Saúde Suplementar, na
qual o poder público é representado pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar. "É hora de
resolver as polêmicas, e elas já são
conhecidas de todos."
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