São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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BRUNO CAVAGLIERI NETO (1986-2008)

Boca preocupava-se com as canetas do Pé

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bruno Cavaglieri Neto só não comprou aquela camisa porque, mesmo bonita, de nada servia sem um bolso. Achou que, para o pai, que é vendedor (e assíduo usuário de canetas), nada melhor do que ter onde carregá-las. Adiou a compra do presente que entregaria anteontem, numa confraternização em família, no Dia dos Pais. Estudante de engenharia elétrica, Boca, como era chamado pela família, foi trabalhar na imprensa com 19 anos, levado por um amigo. Colaborador de "O Estado de S. Paulo", cuidava dos infográficos do caderno de esportes. No penúltimo ano da faculdade, adorava a rotina do jornalismo, mas já pensava em exercer a engenharia depois de formado. Morador da Brasilândia, na zona norte de São Paulo, comprou uma moto para chegar mais rápido à faculdade e ao trabalho. Na última quinta-feira, seguia para o jornal depois da aula, pela faixa exclusiva de motos, na avenida Sumaré, quando foi fechado por um carro que fazia uma conversão proibida, segundo testemunhas. Não conseguiu frear. A rua da casa onde morava, sempre cheia em datas especiais, amanheceu vazia de carros no domingo. Boca, filho do Pé (apelido do pai), não jogou truco com os amigos, como adorava fazer. Não houve jogo. Morreu na sexta, aos 21, em São Paulo, cheio de planos para o futuro com Bruna, com quem namorava havia quatro anos. Eram noivos.

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