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Alunos admitem desocupar reitoria da USP
Em assembléia tensa, eles aprovaram indicativo para deixar prédio, mas condicionam medida à discussão de reivindicações com reitora
Fim da invasão, que hoje
completa 41 dias, ainda terá
que ser referendada pelos
alunos em nova assembléia,
ainda sem data marcada
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os estudantes da USP aprovaram ontem, em uma assembléia tensa e dividida, um indicativo de desocupação do prédio da reitoria, invadido há 41
dias, mas mantiveram a greve.
Esse é o primeiro recuo desde o
início do movimento e ocorreu
um dia após os professores
aprovarem o fim de sua paralisação, que durava 19 dias.
A desocupação, porém, foi
condicionada a discussão com a
reitora Suely Vilela de uma lista
de reivindicações. Depois, eles
farão nova assembléia, ainda
sem data definida, para referendar ou não o fim da invasão.
Como já está programado
um encontro nacional de estudantes no sábado, na própria
reitoria, o fim da invasão não
deve ocorrer antes dessa data.
Entre as reivindicações estão
a não-punição aos invasores e a
manutenção dos pontos já aceitos pela reitora (como refeições
aos domingos, transporte nos
fins de semana e construção de
198 moradias). Até a conclusão
desta edição, os alunos votavam outras reivindicações que
serão apresentadas à reitora.
A assembléia, que teve de
200 a 300 pessoas (no auge do
movimento, essas reuniões
chegaram a atrair 2.000 estudantes), foi marcada pela divisão de posições e a troca de acusações entre os grupos.
Os favoráveis à desocupação
acusavam seus adversários de
terem desaparecido durante o
feriado prolongado. O grupo
que defende a permanência da
invasão dizia que recuar seria
demonstração de fraqueza. A
USP tem 80.589 alunos.
Estudantes e servidores fazem uma greve parcial contra
decretos do governador José
Serra (PSDB-SP) que, para eles,
ferem a autonomia universitária. No fim de maio, Serra publicou novo decreto assegurando a autonomia. Anteontem, os
professores encerraram sua
greve, satisfeitos com a medida
e com o reajuste salarial proposto -os do campus de Ribeirão fizeram o mesmo ontem-,
mas os servidores votaram pela
manutenção da paralisação.
Negociações
Ontem, antes da assembléia
dos estudantes, os servidores
enviaram uma carta à reitora
reivindicando a reabertura do
diálogo, suspenso desde o início da semana passada. O pedido foi interpretado na reitoria
como uma mostra do enfraquecimento do movimento, revelando terem "sentido o golpe"
do abandono pelos docentes.
No último encontro, Suely
disse que não discutiria mais
propostas enquanto a reitoria
estivesse invadida e qye não poderia mais garantir os acordos
feitos anteriormente.
O documento enviado à reitoria é assinado pelo Sintusp
(sindicato dos trabalhadores da
USP), mas fala também em nome dos estudantes. Segundo a
assessoria de imprensa da USP,
a reitora o recebeu, mas não havia uma decisão se aceitaria receber os manifestantes. Os estudantes não tinham se manifestado sobre a carta.
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