|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Promotoria pedirá quebra de sigilo de acusados de extorsão
Objetivo é saber para onde ia dinheiro exigido de camelôs por proteção contra fiscais
Grupos usavam estrutura da Subprefeitura da Mooca para extorquir mais de R$ 1 milhão por mês de camelôs; 11 foram presos e dois estão foragidos
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público e a Polícia Civil vão pedir à Justiça, a
partir de amanhã, a quebra do
sigilo bancário das 11 pessoas
presas anteontem sob a acusação de integrar duas quadrilhas
que usavam a infra-estrutura
da Subprefeitura da Mooca para extorquir mais de R$ 1 milhão por mês de camelôs da zona leste de São Paulo.
"Precisamos saber para onde
ia esse dinheiro todo", afirmou
ontem o promotor José Carlos
Blat, responsável pelo caso que
apura o envolvimento de cinco
funcionários da subprefeitura,
cinco ambulantes e um advogado no esquema de extorsão mediante o pagamento de propina.
Outros dois camelôs continuam foragidos. Segundo Blat,
os vendedores presos confessaram em seus depoimentos à polícia que faziam o "recolhe" do
dinheiro dos ambulantes irregulares aos líderes dos grupos.
De acordo com a investigação, que começou há três meses
e foi baseada em denúncias e
interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, em troca, as quadrilhas davam informações antecipadas sobre a fiscalização e proteção aos vendedores ambulantes. Quem não
pagasse de R$ 30 a R$ 1.000 por
semana tinha a mercadoria
apreendida pelos fiscais.
A primeira quadrilha é suspeita de arrecadar R$ 500 mil
cobrando propina para permitir que vendedores de comida
trabalhassem no Brás, na Mooca no e Tatuapé.
Os chefes do grupo, segundo
a polícia, são os irmãos Georges
Marcelo e Felipe Eivazian, respectivamente assistente técnico da Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento
Urbano e chefe dos fiscais, ambos alocados na Subprefeitura
da Mooca.
Segundo o delegado Luís
Storni, do 91º Distrito Policial,
na zona oeste, o segundo grupo
arrecadava R$ 560 mil mensais. Seu chefe, aponta a polícia,
é Edson Alves Mosqueira,
agente de apoio e fiscalização
da subprefeitura.
Reforço
Ontem, um dia depois das
prisões, a Prefeitura de São
Paulo anunciou uma ofensiva
da Guarda Civil Metropolitana
contra o comércio irregular nas
vias da cidade.
A reação terá como foco ampliar os poderes de fiscalização
da GCM. A primeira iniciativa,
prevista para começar nesta semana, será aumentar o número
de guardas no Brás (região central), na Mooca e no Tatuapé
(ambos na zona leste) -áreas
onde atuavam as quadrilhas,
segundo a polícia.
"Onde for preciso, vamos
deslocar efetivo de outras atividades", disse o coordenador
municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega.
A segunda iniciativa, prevista
para este mês, será a repressão
do comércio ambulante irregular por guardas civis sem a necessidade de acompanhamento
de fiscais da prefeitura.
Atualmente, isso só é feito na
Subprefeitura da Sé (região
central). Um decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) deverá ampliar essa prerrogativa
da GCM para outras regiões.
"Nessas áreas, o enfrentamento com os ambulantes irregulares é maior. É o caso da
Mooca, do Largo 13 [na região
de Santo Amaro], e da rua 12 de
Outubro [na Lapa]. Também
não vamos permitir nenhum
ambulante nos portões do parque do Ibirapuera [em Moema]", afirmou.
Colaborou JORGE SOUFEN JR , do "Agora"
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Mulher motorista vira "curinga" após a lei seca Índice
|