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LÍCIO BLEY VIEIRA (1916-2008)
A cavalo, o "meritíssimo farmacêutico"
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Lício Bley Vieira "sabia rir
de si mesmo", mesmo com
seus 91 anos de vida. Se alguém dizia que ouvira por aí
que o "meritíssimo" fora dono de botica ou delegado (daqueles que andavam a cavalo
atrás de bandido), ele fixava
os olhos na pessoa, esperando o comentário. Estrábico,
não perdia a gargalhada; depois da qual desatava a contar as reviravoltas da vida.
Filho de um caixeiro-viajante de Curitiba que cedo
morreu, foi trabalhar, lá pelos 16, lavando pipetas de um
laboratório. "Gostou do metiê" e foi estudar farmácia na
faculdade. Por mais de uma
década foi farmacêutico -teve uma botica onde "era
meio como um médico da colônia de Santa Felicidade".
Tanto que foi aceito como
subdelegado de polícia, diz o
neto. Mas ouviu que, "sem
formação, seria sub para
sempre". Lá foi Vieira estudar direito, "vovô da turma".
Formado, foi delegado, diretor da Polícia Civil e chefe de
gabinete da secretaria de segurança pública do PR. Até
que em 1966 o Estado ganhou seus juízes federais,
quatro, entre eles Vieira. Lá
passaria 20 anos, "sempre
com a porta do gabinete
aberta", não se sabe por quê.
Tinha dois filhos, nove netos e 12 bisnetos, o "meritíssimo farmacêutico". Morreu
quinta, de falência múltipla
dos órgãos. Até dias antes
contara suas histórias cheias
de "uma memória remota
impressionante". Afinal, como dizia com um sorriso,
"era do tempo em que se escrevia farmácia com ph."
obituario@folhasp.com.br
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