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Anônimos da Sumaré contam suas histórias
Quem são e como vivem alguns dos personagens retratados na estação do metrô dez anos depois de sua inauguração
Já disseram que as fotos
seriam uma homenagem a
pessoas mortas de forma
trágica, mas a idéia foi exibir
cidadãos comuns e anônimos
FERNANDO MASINI
DA REVISTA DA FOLHA
A maioria dos 10 mil passageiros que passam por dia pela
estação Sumaré do metrô de
São Paulo já deve ter se perguntado o que significam aqueles
rostos fundidos nos vidros da
plataforma.
Já disseram que as fotos seriam uma homenagem a pessoas mortas de forma trágica,
mas a idéia do trabalho foi exibir pessoas comuns e de raças
distintas. A obra foi assinada
pelo artista plástico Alex Flemming e completa dez anos em
outubro.
São 22 retratos no estilo três
por quatro enfileirados dos
dois lados da plataforma.
O autor pegou amigos de faculdade de origem japonesa,
como a arquiteta Margareth
Nishiyama, e também descendente de índios como Baixo Ribeiro, criador da galeria de arte
Choque Cultural. "São pessoas
desconhecidas, mas cada um
tem sua identidade", diz Margareth, que no começo se assustou com o tamanho da imagem.
Um dos mais entusiasmados
com o trabalho é Alex Sandro
de Sousa, segurança da galeria
Prestes Maia. Quando foi fotografado, aos 22 anos, não tinha
a menor idéia do que seria feito
com as imagens. Hoje é famoso
no bairro. "É legal que o tempo
vai passando, eu vou ficar velho
e a foto continua lá", alegra-se.
Relatos
Na foto exposta na estação,
Alex tem a cara fechada e veste
um terno e gravata preta. De família mineira, nasceu em São
Paulo e mora com a mãe no
bairro do Butantã. Na época
das fotos, era vigia no Masp ao
mesmo tempo em que se esforçava para completar o ensino
médio. O convite para participar da obra partiu de Luiz Hossaka, curador chefe do Masp.
"Olha, faz uma cara bem de
foto três por quatro." Foi a recomendação de Alex Flemming
para a amiga de faculdade
quando ela aceitou participar
do projeto. Margareth não sabia muito bem para que serviria
aquele retrato. A princípio,
imaginou que seria um mosaico multicultural.
"A primeira impressão foi
um choque: o impacto visual.
Mas, no final, quando a gente se
acostuma, a imagem fica diluída no projeto", afirma.
Ela se orgulha de compor o
mural envidraçado da estação.
Guarda no celular uma foto
com os filhos bem em frente ao
seu retrato gigante.
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