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EDUCAÇÃO
Instituição quer investir até US$ 20 milhões em curso para apenas 30 alunos; entidades médicas se opõem a nova faculdade
UniFMU vai criar escola de medicina em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
(UniFMU) pretende criar um
"mini curso" de medicina pago na
capital paulista, com apenas 30
vagas. A entidade planeja comprar um hospital de médio porte
para servir de hospital-escola da
nova faculdade.
A restrição ao número de alunos é estratégica. A UniFMU deve
enfrentar polêmica com entidades médicas contrárias à criação
de novas faculdades de medicina,
especialmente no Sudeste, onde já
há um médico para cada grupo de
400 habitantes - o padrão da
OMS (Organização Mundial de
Saúde) preconiza um médico para 700 pessoas, informou o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
A Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do
Ensino Médico), que reúne várias
instituições médicas, é contrária
aos novos cursos desde 1997, diz
Reynaldo Ayer de Oliveira, ex-membro do órgão, membro do
Cremesp e da Associação Brasileira de Educação Médica.
"Primeiro é necessário melhorar as escolas médicas que já existem", afirma. "Os estudos mostram que o número de médicos
hoje já é suficiente."
"Exatamente por isso teremos
apenas 30 vagas. É um curso inovador. Queremos fazer com que
seja um modelo na reformulação
do ensino médico", diz José Aristodemo Pinotti, atual chefe do
Departamento de Obstetrícia e
Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e eleito deputado
federal pelo PMDB no último dia
6. Pinotti, convidado para ser diretor da faculdade, encabeça o
projeto, no qual a UniFMU pretende investir até US$ 20 milhões.
O futuro diretor da faculdade
diz que a intenção é cobrar mensalidade abaixo do preço de custo.
"Serão menos de R$ 1.000."
O centro universitário propõe
que a seleção dos alunos seja feita
por teste vocacional e avaliação
do currículo. Os estudantes, afirma Pinotti, terão algumas atividades práticas desde o primeiro ano,
educação voltada para o atendimento humanizado e conviverão
com outros profissionais de saúde. "Hoje o médico aprende isolado e desenvolve um péssimo corporativismo", afirma o professor.
O UniFMU informou já ter enviado pedido para a criação do
curso ao MEC (Ministério da
Educação), que, na última sexta-feira, não conseguiu confirmar o
andamento da solicitação.
Antes da avaliação pelo MEC, os
pedidos de criação de cursos de
medicina têm de passar pelo Conselho Nacional de Saúde, que não
tem, no entanto, poder de veto. O
conselho também já se manifestou contra os novos cursos. Tais
solicitações também têm de ser
deliberadas no Conselho Nacional de Educação.
Hoje, segundo as autoridades
de educação, existem 23 escolas
médicas no Estado de São Paulo,
que formam 1.699 alunos/ano.
Amanhã, a UniFMU inaugura
um complexo de ciências biológicas e saúde no campus do Ibirapuera (zona sul). É o pontapé para fortalecer seu setor de saúde.
Todos os cursos da área que o
centro já oferece, como enfermaria e psicologia, serão reunidos no
local. De acordo com Aristodemo
Pinotti, três prédios de oito andares terão clínicas, salas de treinamento e biblioteca.
Espera-se a presença do ministro Paulo Renato Souza (Educação) na inauguração.
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