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FAMÍLIA
Maior expectativa de vida associada à gravidez precoce faz com que crianças conheçam avós mais jovens e ativos
Nova geração vai conviver mais com avós
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Aquela vovó de cabeça branca
cozinhando para a família no final
de semana está desaparecendo.
Nas próximas décadas, as crianças devem conhecer avós mais jovens e ativos e poderão conviver
mais anos com eles.
O cruzamento de dois dados do
Censo 2000 aponta a tendência: o
alto índice de fecundidade na faixa dos 15 aos 19 anos, que leva
mulheres e homens a partir dos
40 anos a se tornarem avós, somado ao aumento da expectativa de
vida da população.
Os dados foram discutidos em
um seminário na última segunda-feira na 54ª reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Goiânia.
Além de contribuir com a experiência na hora dos cuidados com
o bebê, a "nova avó" desempenha
um papel que antes era atribuído
a tias e tios, como conversas mais
francas e passeios, por exemplo.
O novo perfil das vovós, cujo dia
se comemora em 26 de julho, é de
uma mulher independente financeiramente e bem disposta para
atividades com os netos.
"A relação que eu tinha com a
minha avó é muito diferente da
que os meus filhos têm com a minha mãe. A geração da minha avó
ficava em casa dentro da cozinha,
já a da minha mãe trabalha fora e
é mais independente", diz Andrea
Cardillo Gaz, 24, mãe de Leonardo, 3, e Luísa, 2.
Na casa, convivem quatro gerações da família: Andrea e seus filhos, sua mãe, a professora Anna
Maria Randazzo Cardillo, 51, e a
avó de Andrea, Matilde Randazzo
Cardillo, 77. "Minha mãe era dona-de-casa e só via os netos no final de semana, era o modelo tradicional de avó", conta Anna Maria, que trabalha em média sete
horas por dia e costuma levar os
netos ao cinema e ao shopping.
O casal Sônia e Carlos Alberto
Corrêa e Castro são avós há quase
um ano. Ela tem 42 anos, ele, 51. A
jovem avó é bióloga e trabalha durante o dia na Fundação Pró-Sangue. À noite, "paparica" o neto,
Caio, de dez meses.
O bebê é filho de Rodrigo, 18, o
caçula da família. A criança, a mãe
Amarilis Paraíso, 19, e o pai vivem
na casa de Sônia, onde também
moram o marido e o filho mais
velho do casal, Tiago, 20.
"O relacionamento com a minha nora é ótimo, somos amigas",
conta Sônia.
Conflitos
Em casas onde convivem avós,
pais e filhos é normal que haja
conflitos em relação aos papéis
que cada um deve desempenhar
com as crianças.
"Muitas vezes, a avó fica confusa. Assumir que são avós é difícil.
Assumir que a filha é mãe, mais
difícil ainda", explica o pediatra
Leonardo Posternak, co-autor de
"E Agora, o que Fazer? -A Difícil
Arte de Criar os Filhos".
Em relação ao avô, que geralmente se ressente mais quando
descobre a gravidez da filha adolescente, a nova função é encarada
com certa tranquilidade.
"Embora o pai pareça mais atingido pelo ato da filha no princípio,
no momento em que ele assume o
papel de avô a coisa flui com certa
facilidade", explica o pediatra.
"Meu marido [Sidney Sopranzi"
ficou aborrecido e chocado no começo, mas agora é um grande
avô", conta a dona-de-casa Marisa Sopranzi, 53.
As duas filhas engravidaram cedo. A mais velha, Silvia, aos 19, e a
mais nova, Lilian, aos 18. Silvia vive com o filho Gabriel, 4, e os pais.
Lilian casou e tem duas filhas, Isabela, 3, e Natalia, 1. Marisa ajuda a
filha Silvia a cuidar do neto, mas
faz questão de lembrar do seu papel. "Ser avó é curtir o neto, não é
ter as responsabilidades da mãe."
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