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"Boom" faz mais nova favela de SP crescer
Jardim Piracuama 3 (zona sul), com 16,5 mil m2, teve aumento de obras no último ano que levou à fusão com 2 favelas ao redor
Número de casas é maior do que diz banco de dados da Secretaria de Habitação; pessoas dizem ter comprado parte da área de falsos donos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na favela mais recente de São
Paulo, criada em 2007, já existe
um número maior de casas do
que o estimado pela Secretaria
Municipal de Habitação, no
ano passado, para fazer o site
Habi-SP -banco de dados sobre todas as favelas da cidade.
Desde então, os 16,5 mil metros quadrados do terreno particular onde fica a Jardim Piracuama 3, em Campo Limpo
(zona sul), foram tomados por
casinhas de alvenaria já prontas ou em construção. Barracos
de madeira só existem quatro,
segundo os moradores.
De acordo com eles, a invasão
do local começou pelo menos
três anos antes do que a secretaria diz. No começo, eram
poucas casas, construídas no
fundo do terreno, mais escondidas.
Mas foi apenas em 2007 que
a área ficou completamente tomada, chamando a atenção e
entrando para as estatísticas da
prefeitura como uma das 1.565
favelas de São Paulo.
A área cresceu tanto que se
uniu a outras duas favelas que
cercavam o terreno: a Jardim
Piracuama 1 e a Jardim Evana.
Moradores da favela Jardim
Piracuama 3 não souberam explicar por que aconteceu esse
"boom" de construções no ano
passado.
"Um [morador] foi falando
para o outro e aí foi aumentando [o número de casas]. Minha
irmã ficou sabendo e depois
nós também viemos", conta
uma adolescente, que não quis
se identificar.
Hoje, já existem no local bares, pequenas mercearias e até
salão de beleza, conta a menina.
Para construírem suas casas,
os moradores tiveram que
comprar uma parte do terreno
onde fica a favela.
Mas o pagamento não foi feito para o verdadeiro dono do local, que os moradores nem sabem quem é. Ele foi dado para
pessoas que demarcaram antes
o terreno, sabendo que a procura por um pedaço de terra era
grande por aquela região.
A favela está localizada no final de uma rua sem saída, próxima a uma área com residências de classe média.
Um dos proprietários dessas
casas conta, anonimamente,
que, quando a invasão começou, seus próprios vizinhos demarcaram livremente pedaços
do terreno e venderam para os
que hoje ocupam a favela.
Atualmente, existem ainda
dois terrenos à venda. Segundo
moradores, um custa R$ 5.000
e o outro, R$ 6.000.
"Eu não invadi, eu comprei",
diz a dona-de-casa Maria das
Graças de Jesus Batista, 55, que
afirma ter pago R$ 1.500 por
seu lote, em 2006.
No lote, o ex-marido e um
dos filhos construíram uma casa de alvenaria com três cômodos -cozinha, banheiro e uma
sala, que funciona também como quarto. Nesse espaço, dormem as dez pessoas da família,
que vivem com uma renda de
R$ 500 por mês.
(TB)
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