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Policiais e governo voltam a negociar na 4ª
Adesão à paralisação foi maior nos distritos mais distantes do centro; a Polícia Militar não participa do movimento
Protesto dos policiais teve início às 8h, horário em que a maioria dos DPs começa a funcionar, e foi suspenso pouco depois das 14h30
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Menos de sete horas depois
de iniciar uma greve em todo o
Estado, os policiais civis de São
Paulo decidiram ontem suspender a paralisação e aguardar, por uma semana, a apresentação de uma proposta pelo
governo José Serra (PSDB).
A suspensão atendeu ao
acordo assinado com o governo
numa audiência de conciliação
marcada e conduzida pela desembargadora Dora Vaz Treviño, do TRT (Tribunal Regional
do Trabalho) de São Paulo. Ela
já havia dado liminar que determinava a manutenção de
80% do efetivo no trabalho.
A manifestação dos policiais
teve início às 8h, horário em
que a maioria das unidades policiais começa a funcionar, e foi
suspensa pouco depois das
14h30 -horário em que terminou a audiência no TRT.
Das 8h às 15h, a Folha percorreu 44 unidades policiais
nas zonas sul, leste, norte e
central da capital e em 20 delas
havia adesão ao movimento.
Essa adesão representou
principalmente restringir o registro de boletins de ocorrência
aos casos considerados graves,
como homicídios e prisão em
flagrante. Quem tentou registrar uma queixa de ameaça, caso da aposentada Catarina Borges, não foi atendido.
Segundo um delegado da zona norte, que não quis se identificar, os policiais estavam
usando o "bom senso", pois a
intenção era chamar a atenção
para o movimento, e não prejudicar a população.
A Polícia Militar não participou da paralisação.
A maior adesão ocorreu nos
distritos policiais mais distantes do centro. Na zona sul, em
13 das 18 delegacias visitadas
houve adesão. Na zona norte,
de dez unidades visitadas, cinco aderiram. Na zona leste,
duas de 12 visitadas estavam no
movimento. Já no centro, nenhuma das quatro delegacias
visitadas aderiu ao movimento.
No interior, três distritos de
Araraquara aderiram. Em Ribeirão Preto, o atendimento
era normal em seis unidades
percorridas.
De acordo com o comitê organizador do movimento, na
capital houve uma adesão de
70% e, no interior, de 100%. O
governo não divulgou balanço
sobre a greve, mas disse que a
adesão foi "muito baixa".
Acordo
No acordo assinado no TRT,
o governo se comprometeu a
discutir uma proposta de melhoria salarial baseada na reestruturação da carreira, praticamente a mesma rejeitada pelas
entidades sindicais em duas
reuniões nesta semana.
"Como somos do diálogo,
aceitamos essa sugestão da juíza. O governo tem agora que
negociar com o Judiciário porque se comprometeu a apresentar o índice", disse João Batista Rebouças da Silva Neto,
presidente do Sipesp (Sindicato dos Investigadores de Polícia
do Estado de São Paulo). "Caso
não haja negociação, a greve vai
continuar. Eles [governo] achavam que a juíza iria decretar a
greve ilegal."
O secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, negou que o
governo vá apresentar um índice de reajuste. "Não temos esse
índice. Tenho que fazer essa
restruturação antes e depois
estabelecer o percentual em cima. Por isso que nós estamos
criando esse grupo [uma comissão]. Existe divergência entre as próprias categorias. Então, é preciso criar um consenso e ver aquilo que é possível. O
objetivo lá no tribunal é caminhar para um acordo dentro de
princípios. Serão discutidos
quais os princípios."
Beraldo disse ter havido
"bom senso" por parte dos policiais e que isso facilita o diálogo
entre as categorias e o governo.
"Caso fosse mantida a greve,
nós teríamos que suspender as
negociações", disse.
Especialistas ouvidos pela
Folha afirmam que não há uma
legislação clara sobre greve de
policiais civis e, dessa forma, o
julgamento fica basicamente
no entendimento dos juízes.
Na audiência no TRT, o governo se comprometeu a não
punir nenhum policial envolvido no movimento. Também ficou acordada a criação de uma
comissão para discutir assuntos de interesse das categorias.
Foi marcada nova reunião na
próxima quarta-feira.
A desembargadora também
pediu que as entidades de policiais apresentem, por escrito e
por ordem de prioridade, a lista
de reivindicações. Ela considerou, segundo a assessoria de
imprensa do TRT, faltar pontos
objetivos para serem discutidos pela Justiça.
Além de reajuste que varia
entre 58% a 200%, conforme a
categoria, as entidades que representam os policiais civis pedem desde eleição direta para
delegados a direito de serem
transferidos apenas quando
houver pedido do policial (ou
promoção). O governo disse
considerar as reivindicações
"irrealistas e impertinentes".
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