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LIVRO
Obesidade exige "ataque" em vários frontes, explica cirurgião
DA REPORTAGEM LOCAL
O futuro do tratamento da obesidade está na engenharia genética. Mas enquanto abordagens baseadas nessas tecnologias não
chegam, o jeito é atacar em outro
fronte. Vários frontes, como explica o cirurgião de obesidade Ricardo Cohen, 42, no livro "A Obesidade", que está pronto para ser
lançado pela Publifolha.
"A causa é multifatorial", diz
Cohen. Por isso o tratamento da
obesidade vai do acompanhamento psicológico à análise de
causas genéticas, passando por
checagens do metabolismo, de
comportamentos em relação à comida e padrões de atividade físicas, entre outros.
Não há resposta simples para a
obesidade. Por isso, não dá para
acreditar em tratamentos simples, dizem Cohen e a doutora em
endocrinologia Maria Rosária
Cunha, também autora do livro.
O médico, no entanto, alerta
que o fator genético pode ser um
grande limitador. "Esses terão de
tratar as conseqüências do problema", afirma. Pesquisas apontam que 40% dos casos de excesso
de peso têm algum componente
genético que os explicam.
Inspirados por pacientes que
chegam aos seus consultórios
acreditando que a obesidade é
apenas um problema estético, os
médicos decidiram tornar o assunto "palatável", como diz o autor. Começam o livro diagnosticando a obesidade como doença.
"Todo obeso acha que é um
problema de beleza", diz Cohen.
Na verdade, é a doença do milênio, como definiu a OMS (Organização Mundial da Saúde) neste
ano. É a primeira causa de morte
evitável do mundo, superou acidentes de trânsito e o tabagismo.
Cohen relata os bastidores. Foram as seguradoras de saúde que,
com seus cálculos, mostraram a
relação da gordura com doenças,
como o diabetes, e mortes.
O referencial mais aceito para
definir se alguém é obeso, o IMC
(Índice de Massa Corpórea), divisão do peso pela altura ao quadrado, foi inspirado por cálculos das
seguradoras. Índice acima de 30
significa obesidade. Mais de 39,
obesidade mórbida.
Mitos
Diagnosticada como doença, a
obesidade ainda é cercada por mitos, como o de que todo obeso
tem necessariamente algum comprometimento psicológico, diz
Cohen. "Mas será que uma pessoa
é obesa por ser ansiosa ou ansiosa
por ser obesa? O tratamento faz
cair a ansiedade. Taxar como problema psicológico e até psiquiátrico pode ser só preconceito."
Outra dúvida comum que o livro ajuda a clarear trata dos medicamentos. Como afirma Cohen,
há muito marketing, mas o que se
sabe é que a maioria funciona por
um ano. Drogas de última geração, como o orlistat, que impede a
absorção de gorduras, acabaram
sendo mal administradas, relata:
em 99, um estudo mostrou que
após o primeiro ano de uso, cerca
de 35% dos pacientes o empregavam como um laxante, isto é,
abandonaram a reeducação alimentar que o remédio impõe.
Os autores também aproveitam
o livro para dar uma estocada na
dieta de Atkins, aquela que restringe carboidratos, mas não as
gorduras -o que, para os médicos, traz mais riscos à saúde. "Eles
têm um shopping em Nova
York", afirma Cohen. Para ele,
não é preciso dizer mais nada.
A OBESIDADE. Autores: Ricardo Cohen e Maria Rosária Cunha. Editora: Publifolha.
Quanto: R$ 9,90 (86 págs.)
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