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Velório no interior de SP reúne 3.000
BETE GÁSPERI
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA
O velório do corpo do juiz Antonio José Machado Dias, assassinado anteontem em Presidente Prudente, foi marcado por grande comoção e reuniu cerca de 3.000
pessoas, segundo a Polícia Militar.
O corpo foi translado da sede local da OAB até o aeroporto de
Presidente Prudente em carro
aberto do Corpo de Bombeiros.
De lá seguiu para a capital.
Anteontem, a Polícia Federal escoltou juízes e promotores que lecionavam na Faculdades Toledo.
Por volta das 21h30, eles se reuniram no fórum da cidade para discutir o assassinato de Dias, mas
não deram declarações.
O comandante do Corpo de
Bombeiros, tenente-coronel Carlos do Amaral da Silva, disse que o
translado do corpo do juiz em
carro aberto foi uma última homenagem prestada pela corporação ao juiz que, segundo ele, era
muito querido e respeitado pelos
moradores da cidade.
A segunda mulher do juiz, a
também juíza Cristina Escher, ficou o tempo todo do lado do corpo do marido. Ela chorava muito.
Família
O tio do juiz, o advogado e pecuarista Adilson Dias, que mora
em Campo Grande, disse que havia passado a tarde de anteontem
no fórum com o sobrinho e que
ele estava muito tranquilo.
"Nestes anos todos, ele nunca
demonstrou medo e nem comentou sobre ameaças. Ele também
não gostava de escolta", afirmou.
O irmão do juiz, o médico Adolfo Machado Dias, que mora em
Assis (SP), disse que sempre falava para o irmão para que tivesse
cuidado. Ele afirmou que o juiz
andava, sempre que possível, escoltado. Adolfo Machado disse
que, em sua opinião, tudo indica
que o irmão foi assassinado a
mando do crime organizado.
Insegurança
O promotor das execuções penais, Mário Coimbra, disse que o
Estado de Direito foi humilhado.
"O assassinato do juiz foi uma
demonstração de força típica do
crime organizado, que não se submete ao poder público", afirmou.
O prefeito de Presidente Prudente, Agripino Lima (PTB), disse
ter certeza de que haverá mais crimes na região. "Na capital, os criminosos estão acostumados a
corromper as autoridades. No interior, eles não têm essa liberdade
de atuação. Então acontece esse
tipo de coisa", afirmou o prefeito.
Agripino Lima também reclamou da construção de presídios
na região de Presidente Prudente.
"Em vez de sermos contemplados com saúde, educação ou industrialização, recebemos oito
presídios e mais de dez mil detentos", disse Agripino Lima.
Segundo o prefeito, o efetivo da
PM na cidade não é suficiente para assegurar a segurança da população. "Estamos há três anos pedindo reforço no policiamento. O
que eles fizeram? Transferiram o
comando da PM para Bauru", reclamou Agripino Lima.
Fora Beira-Mar
Ontem, uma manifestação no
centro de Presidente Prudente pediu a transferência do traficante
carioca Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, do CRP
(Centro de Reabilitação Penitenciária) da cidade vizinha de Presidente Bernardes.
Segundo os organizadores, a
manifestação reuniu cerca de 300
pessoas. "Exigimos do governo
do Estado que Beira-Mar não permaneça aqui além do dia 29", disse o presidente da organização
não-governamental Proderp
(Núcleo de Desenvolvimento da
Região de Presidente Prudente),
Álvaro Barboza.
Segundo o presidente do Proderp, a população ficou "mais
alarmada" depois do assassinato
do juiz. "Nunca tínhamos visto
nada desse tipo na região. Não estamos acostumados com esse requinte. Somos uma cidade do interior, onde ainda se pode dormir
de janelas abertas", disse Barboza.
Em Presidente Bernardes, a diretoria de segurança do CRP afirmou que a rotina continua a mesma no presídio.
Ainda de acordo com a diretoria
de segurança, não há informação
de que o assassinato do juiz tenha
sido articulado dentro do CRP.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Agência Folha
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