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Defensoria pede mudanças no serviço de transplantes do Rio
Recomendações serão enviadas aos governos federal e estadual, que terão até o final de setembro para apresentar soluções
Para o defensor público da União André Ordacgy, a Operação Fura-Fila revelou a fragilidade do sistema de transplantes de fígado
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
A Defensoria Pública da
União no Rio de Janeiro anunciou ontem que fará uma série
de recomendações para a melhoria do serviço de transplante
de fígado no Estado.
Para o defensor público da
União André Ordacgy, a operação Fura-Fila, que resultou na
prisão do médico Joaquim Ribeiro Filho, revelou a fragilidade do sistema.
O médico, que foi solto após a
concessão de um habeas corpus
pela Justiça, foi denunciado
sob acusação de envolvimento
em esquema de fraude na fila
de transplantes de fígado no
Rio. Ele nega ter participado de
qualquer irregularidade.
Fragilidade
"Ainda que não tenha havido
irregularidade criminal, o sistema se mostrou bastante frágil e
suscetível a fraudes", disse Ordacgy, que é titular do ofício de
Direitos Humanos e Tutela Coletiva da defensoria.
Segundo ele, as recomendações serão encaminhadas na
próxima semana para o Ministério da Saúde e para a Secretaria Estadual de Saúde, que terão até o fim de setembro para
apresentar soluções. "Se não,
poderemos entrar com ações
civis públicas", diz o defensor.
Para Ordacgy, os principais
problemas enfrentados por pacientes que necessitam de
transplante de fígado no Estado são a defasagem e a falta de
transparência da fila, a estagnação da câmara técnica responsável pela análise de casos prioritários, o número reduzido de
pontos de atendimento e de
equipes médicas especializadas, a falta de uma política de
incentivo à doação de órgãos,
além da sobrecarga do sistema
de saúde como um todo.
Ele afirmou, porém, que algumas medidas já estão em
curso para solucionar parte dos
problemas. "A Secretaria de
Saúde deve anunciar já na segunda-feira a nova lista, com
base nos exames de sangue que
foram feitos nos pacientes. A
exemplo do que já ocorre em
outros Estados, eles poderão
acompanhar pela internet sua
posição na fila", disse.
A nova listagem também deverá ser menor. A previsão, segundo Ordacgy, é que o número
de pessoas caia dos atuais 1.077
para algo em torno de 800, já
que foram identificados nomes
repetidos, pacientes já transplantados e até mortos.
Outras medidas
O defensor listou também algumas medidas discutidas em
reunião com representantes do
Ministério da Saúde. Segundo
ele, a pasta prometeu realizar
uma grande campanha de incentivo à doação de órgãos em
setembro e estudar a realização
de concurso público para diminuir a defasagem de profissionais especializados.
Também irá rever o valor pago aos hospitais pelo serviço de
abordagem de parentes de possíveis doadores. Hoje, a unidade ganha por abordagem feita,
quer a família concorde ou não
com a doação. A idéia é dobrar a
remuneração nos casos em que
houver consentimento.
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