|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Minha área é a construção civil, diz traficante
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
Descontraído, calmo e falando baixo, Beira-Mar riu bastante e interagiu com conhecidos
durante as quatro horas de seu
tumultuado julgamento no Rio.
A condenação foi um detalhe
numa audiência marcada por
gargalhadas, bate-bocas, toques de celular e até a expulsão
de uma pessoa.
Por várias vezes durante a
sessão, Beira-Mar riu e gesticulou para conhecidos. Fez um
gesto circular em volta da barriga apontando para dois amigos. "Ele disse que a gente engordou", contou um deles, que
não quis se identificar.
O primeiro momento de descontração do julgamento aconteceu quando o traficante respondeu à juíza Maria Angélica
Guerra Guedes sobre qual era
sua profissão: empresário, do
ramo de construção civil.
Ouviram-se risos, embora
ainda tímidos, no plenário, que
ficou lotado durante as quatro
horas do julgamento.
Cerca de 20 minutos depois,
um toque de celular com o hino
do Flamengo interrompeu a fala do promotor Luciano Lessa
dos Santos.
A juíza chamou a atenção do
usuário do aparelho, que desculpou-se. "Nada contra o hino", afirmou Guedes. Beira-Mar riu.
Três minutos depois, porém,
um outro celular tocou, despertando indignação da juíza, que
se levantou e passou um sermão na platéia.
"Vocês não estão na casa do
pai nem da mãe de vocês, estão
na casa da Justiça. Isso é um
desrespeito. Se tocar de novo,
vou mandar esses policiais [federais] apreenderem", afirmou
Guedes.
Mas foi justo do bolso de um
dos policiais que veio o terceiro
toque, de uma música pop.
Com as mãos ocupadas na metralhadora que segurava, o policial saiu da sala apressado, sob
o olhar de reprovação da juíza,
que nada falou. "Isso é uma sabotagem", protestou o promotor, que foi novamente interrompido.
Após o episódio, os policiais
federais ficaram imóveis até as
13h45, quando começaram a se
movimentar. Faziam, um para
o outro, gestos em alusão à hora
do almoço, que passava despercebida na sessão.
Pouco antes disso, Beira-Mar
pediu para se retirar do julgamento. Foi almoçar, de acordo
com um dos policiais, e ficou fora por mais de 40 minutos.
O promotor e o advogado de
Beira-Mar, Francisco Santana,
protagonizaram discussões que
arrancaram risos, inclusive da
juíza e do traficante.
Durante a fala do advogado,
que tentava convencer o júri de
que as provas não eram válidas,
o promotor interrompeu, contestando a tese de Santana.
"Magoei"
Após baterem boca, o advogado disse que Santos "não sabe o que quer" e virou de costas.
Com ironia, Santos disse: "Magoei", e saiu da sala, sob gargalhadas da platéia.
Um homem que assistia à
sessão disse, em voz alta, que a
situação não era engraçada, e a
juíza, irritada, exigiu que ele
fosse retirado. "O riso te incomoda?", indagou a juíza.
O homem foi a única pessoa
expulsa da sessão, apesar das
ameaças da juíza e das brincadeiras dos policiais que, na entrada, diziam: "Hoje só entra
quem estiver de vermelho [em
alusão à facção criminosa Comando Vermelho, da qual, segundo a polícia, Beira-Mar faz
parte]".
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|