São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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CASAMENTO NA PRAIA

Até outubro, pousadas, hotéis e restaurantes do litoral norte de São Paulo viram palco de cerimônias

Casais trocam o salão pela festa na areia

CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO

Aberta a estação de casamentos à beira-mar. Deste mês até outubro, pousadas, hotéis e restaurantes da costa sul de São Sebastião (SP) estarão sendo palco das bodas de jovens casais habitués das areias e avessos ao requinte dos bufês da capital paulista.
Antes visto como escolha isolada de noivos excêntricos, o casamento na praia está se "popularizando" e se tornando uma nova fonte de renda para os empresários e comerciantes do litoral norte durante a baixa temporada.
Neste ano, pelo menos cinco cerimônias já aconteceram nas praias de Maresias, Juqueí, Barra do Sahy e Barra do Una e outras 20 estão previstas para ocorrer até outubro. Em alguns hotéis e pousadas de Juqueí, já há reservas para casamentos que vão acontecer em abril e maio do próximo ano.
Em geral, o casal é paulistano, mas também são freqüentes os casamentos em que a noiva é brasileira e o noivo, estrangeiro- franceses, dinamarqueses, italianos, sul-africanos e argentinos, principalmente. Por preços que variam entre R$ 20 mil e R$ 60 mil, é possível fechar hotéis, pousadas e restaurantes só para a festa e a hospedagem.
Neste ano, pela primeira vez, o Juquehy Praia Hotel, um dos mais sofisticados daquela região, vai fechar durante três finais de semana em maio só para a realização de casamentos. As cerimônias no local custam de R$ 38 mil a R$ 45 mil -com a hospedagem e a festa incluídas.
Um dos casamentos será o da designer Érica Artuso de Campos, 27, e do advogado Cesar Baptista, 28, ambos de São Paulo. A cerimônia religiosa acontecerá na capelinha de Juqueí, bem em frente à praia. Em seguida, a festa para 200 convidados será no hotel. Todas as 54 suítes do local estão reservadas para o evento.
Os noivos vão custear 20 suítes -a diária para casal é de R$ 390, mas há descontos de 15% para casamentos- para os primeiros convidados a confirmarem a presença. "Foi uma idéia para estimular os parentes do interior a virem para a cerimônia", diz Campos, cuja família mora em Assis (SP), a mais de 500 km de Juqueí.
Em geral, os noivos que optam por casar na praia são freqüentadores do local. "É um lugar que a gente adora. A família do meu noivo tem casa em Juqueí e ele freqüenta o local desde a infância", afirma Campos. O casal presume que vá gastar R$ 20 mil com a cerimônia de casamento.
Noivos e convidados costumam chegar ao litoral na tarde de sexta-feira, passam parte do sábado na praia e, ao entardecer, acontece a cerimônia. A maioria ainda vai à praia no dia seguinte antes de voltar para casa.
Foi o que aconteceu no casamento dos administradores de empresa Adriana Bello, 29, e Paul Gilson, 40, no último dia 3. Ambos ficaram na praia -ela na barraca com os amigos e ele, surfando- até três horas antes da cerimônia, que aconteceu em um restaurante.
"Queríamos que o casamento fosse uma confraternização de amigos, que não ficasse restrita a poucas horas. Foi ótimo, todo mundo se sentiu à vontade, sem aquela preocupação de ter que escolher roupa e sapato para ir ao casamento", diz Bello.
As capelas de Juqueí, à beira-mar, e de Barra do Sahy, à beira-rio, são as preferidas daqueles casais que não dispensam o culto religioso. No Sahy, o charme fica por conta de uma singela ponte de madeira que conduz os noivos até a igrejinha do outro lado do rio. Na Barra do Una, as noivas preferem chegar ao local da cerimônia em um barco enfeitado de flores.
À noite, as festas acontecem em restaurantes ou casas junto ao mar, com tendas na areia iluminadas por tochas, esteiras e almofadões. Para comer, a preferência é por pratos à base de frutos do mar, como paella e petiscos de camarão, lula e marisco, além de casquinha de siri e caldo de peixe. Para beber, não podem faltar caipirinha e cerveja.
Quando o assunto são os trajes usados nos casamentos praianos, quase não há diferença entre os das bodas tradicionais. As moças dificilmente dispensam as sandálias de salto alto e os vestidos esvoaçantes. Em geral, os rapazes são mais informais: alguns até arriscam chegar à festa com bermuda, camiseta e chinelos.
A informalidade e a suposta simplicidade são algumas das razões apontadas pelos noivos para a escolha do casamento à beira-mar. Simplicidade, pero no mucho. Nove em cada dez noivas não dispensam passar a tarde no salão Jacques Janine, que possui duas unidades em Juqueí e uma na Barra do Sahy.
Por R$ 830, elas recebem tratamento corporal com ervas e óleos, banho de banheira com flores e essências e massagem indiana. Fazem ainda cabelo e maquiagem. Se alguns desses cuidados forem extensivos às convidadas, Rita Fraga, uma das donas do salão, diz que dá desconto de 10% a 15%. "Não é porque estão na praia que podem relaxar com a aparência", afirma Fraga.
Em Juqueí, uma das unidades do salão de beleza fica no shopping. Os noivas saem de lá direto para a capelinha da cidade, a menos de 50 metros do local, o que se torna um evento na cidade. "Ela é tão linda, parece artista de televisão", dizia a caiçara Maria Cristina da Silva, 23, na última sexta-feira, ao ver a noiva Ana Cristina Bergamini passar pelo seu quintal a caminho da igreja.


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