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Perita diz que sangue em carro é de Isabella
Responsável pelo laudo sobre como a menina foi morta disse em depoimento à Justiça que cadeirinha de bebê tinha manchas
Advogados do casal discordam da afirmação e dizem que laudo do IC atesta não ser possível confirmar
se sangue é da garota
ANDRÉ CARAMANTE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu depoimento ontem à
Justiça, a perita criminal Rosângela Monteiro, responsável
pelo laudo sobre como Isabella
Nardoni, 5, foi morta, afirmou
que o sangue encontrado na cadeirinha de bebê do Ford Ka do
casal Alexandre Alves Nardoni,
29, e Anna Carolina Jatobá, 24,
é mesmo da menina.
Isso indica que a vítima começou a ser agredida ainda no
veículo, antes de sofrer uma
tentativa de asfixia e ser jogada
pela janela do sexto andar do
edifício London, em São Paulo.
"Eu sei que é sangue humano
e sangue de Isabella", disse a
perita ao juiz Maurício Fossen,
do 2º Tribunal do Júri, no fórum de Santana (zona norte de
SP). Ela foi a primeira das sete
testemunhas da acusação, arroladas pelo promotor Francisco
Cembranelli, a falar ontem.
Rosângela trabalha no Núcleo de Crimes contra a Pessoa
do IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Científica.
Nardoni e Anna Jatobá permaneceram o tempo todo algemados durante os interrogatórios, conversaram entre si
-chegaram a trocar sorrisos -
e com seus três advogados.
A afirmação da perita sobre o
sangue no carro do casal reforça o que a Polícia Civil já havia
revelado na investigação. Essa,
aliás, foi a principal prova apresentada pela delegada Renata
Pontes, do 9º Distrito Policial
(Carandiru), para indiciar o casal pelo homicídio.
Ao juiz, a perita Rosângela
alegou que se baseou em exames de tabelas norte-americanas de probabilidade, as mesmas usadas pelo FBI (polícia
federal dos Estados Unidos).
Os advogados do casal, no entanto, discordam. Eles se baseiam no relatório sobre o sangue feito pelo núcleo de biologia do Ceap (Centro de Exames,
Análises e Pesquisas) do IC,
que atesta não ser possível afirmar com certeza que o sangue é
de Isabella. De acordo com essa
análise, foi encontrada no carro
amostra compatível com o perfil genético de Nardoni e dos filhos dele com Anna Jatobá.
Os peritos do Núcleo de Crimes contra a Pessoa sustentaram que o sangue era de Isabella porque era recente e porque
a menina foi a única da família a
apresentar ferimentos -um
pequeno corte na testa.
O promotor não arrolou nenhum perito do núcleo de biologia entre as testemunhas.
Hoje, outras 11 testemunhas
arroladas por Cembranelli serão interrogadas -entre elas, a
mãe de Isabella, Ana Carolina
Oliveira, 24, e os avós maternos
da menina. Assim como ontem,
os interrogatórios serão a portas fechadas.
O médico legista Paulo Tieppo, um dos que elaboraram o
laudo sobre a morte de Isabella,
afirmou que, seis horas após o
crime, uma análise preliminar
do corpo da menina apontou
que ela tinha algumas (pelo
menos quatro) lesões que não
correspondiam à queda sofrida
por ela do sexto andar, por volta das 23h40 de 29 de março.
O legista também sustentou
que Isabella já estava morta
quando o resgate chegou ao
edifício London. Tieppo disse
que o processo de reanimação
dos socorristas também não
causou nenhuma das lesões encontradas mais tarde pelos legistas no corpo da menina.
Ex-vizinha
Ex-vizinha dos pais de Nardoni, Benícia Maria Bronzati
Fernandes pediu que os dois
réus fossem retirados para que
ela prestasse depoimento e revelou que chegou a alertar três
vezes a avó paterna de Isabella
sobre o comportamento da madrasta Anna Jatobá.
Os advogados do casal não se
manifestaram ontem sobre os
depoimentos.
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