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Prevenção de trombose é falha, diz estudo
Pesquisa em hospitais mostra que 56% dos pacientes internados têm risco de desenvolver coágulos que bloqueiam as veias
Só parte dos pacientes recebe orientação e tratamento
adequados, diz estudo em 32 países; no Brasil, pacientes de
12 hospitais foram avaliados
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos pacientes internados em hospitais brasileiros tem risco de desenvolver
coágulos sangüíneos que bloqueiam veias -tromboembolismo venoso (TEV)-, mas só
parte deles tem orientação e
tratamento adequados que podem prevenir o problema.
A revelação é de um estudo
mundial (Endorse) com 60 mil
pessoas de 32 países, coordenado pela Universidade de Massachusetts (EUA) e recém-publicado na revista "The Lancet". No Brasil, foram avaliados
1.295 pacientes em 12 hospitais
-públicos e privados. A pesquisa foi financiada pelo laboratório francês Sanofi-Aventis, que
produz anticoagulantes.
O tromboembolismo é comum entre pacientes hospitalizados, sobretudo entre os que
precisam ficar imobilizados na
cama por algum tempo. Pode
ocorrer em qualquer parte do
sistema venoso. Os mais comuns, porém, são coágulos em
veias profundas -em geral, na
perna- e embolia pulmonar, a
causa mais comum de morte
hospitalar evitável.
O trabalho mostrou que 56%
dos pacientes clínicos e cirúrgicos hospitalizados no país têm
chances de desenvolver o tromboembolismo - no mundo, a
taxa ficou em 52%.
A prevenção recomendada
-se movimentar e usar medicamentos- é prescrita só para
51% desses pacientes, índice
próximo ao encontrado na média mundial (50%). Mas, na
Alemanha, por exemplo, a taxa
de prevenção ficou em 86%.
No Brasil, o pior desempenho em profilaxia foi entre pacientes clínicos e cirúrgicos
com riscos associados: apenas
27% e 30%, respectivamente,
recebem medidas preventivas.
Segundo a médica Ana Thereza Rocha, coordenadora nacional do estudo, o índice de
mortes por tromboembolismo
pode chegar a 10%. "É uma situação séria, mas os médicos
ainda não colocam a prevenção
na rotina. O foco fica apenas na
doença que levou o paciente à
internação", diz ela, que também é professora na Universidade Federal da Bahia.
Para Fred Anderson, diretor
do centro de resultados de pesquisa da Escola de Medicina da
Universidade de Massachusetts, o "problema é complexo e
precisa de soluções múltiplas".
No Brasil, ao menos 39 hospitais -de 7.426 instituições-
têm estratégias para prevenir e
reduzir a incidência do tromboembolismo, parte de um programa com o apoio da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia.
O estudo envolveu pacientes
de 358 hospitais. Na ala clínica,
foram selecionados pacientes
com 40 anos ou mais; na cirúrgica, com 18 anos ou mais.
Cerca de 80% dos casos de
tromboembolismo são assintomáticos e diagnosticados só por
exames. Além da imobilidade,
outros fatores de risco são obesidade, gravidez, traumatismos, doenças cardíacas e problemas congênitos.
Os médicos orientam aos pacientes acamados que façam
movimentos com pés e pernas;
sentados, devem mexer os pés
como se estivessem pedalando
uma máquina de costura.
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