São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

Texto Anterior | Índice

TAKAYUKI MAEDA (1924-2008)

De lavrador imigrante a rei do algodão

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Do dia em que chegou ao Brasil até o último de seus 83 anos, Takayuki Maeda viveu do trabalho no campo. "Dizia que na suas veias não corria sangue, mas terra", a terra da Ituverava (SP) onde começou na lavoura de café como tantos outros imigrantes japoneses que vieram para o país nos últimos cem anos. Ficou um império agrícola e o título de "rei do algodão".
Os pais chegaram ao porto de Santos em 1927, quando tinha três anos. Vinham de Saga-Ken e foram para Ituverava. Só depois de anos na lida do café juntaram dinheiro para comprar uma gleba e plantar arroz e algodão.
"Tempos difíceis", em que "andava 20 km a cavalo para ir à escola"; até o pai decidir pela dedicação exclusiva à lavoura. Bom aluno da quarta série, "deixou a escola chorando". Anos depois, assumiu todos os negócios.
E fez da fazendinha um conglomerado de milhares de hectares de uma imensidão branca espalhada pelo Centro-Oeste. "Visionário", diz o filho, rompeu com a estrutura familiar pela governança corporativa.
Logo não havia mais "Maedas na diretoria"; assumiu a Santa Casa de Misericórdia e ajudou a modernizá-la. Fundou e dirigiu um abrigo de idosos, hoje com seu nome. E foi presidente do conselho do grupo Maeda até sábado, quando morreu de falência múltipla dos órgãos. Deixou sete filhos, 22 netos, dois bisnetos e um "legado" contido na frase tão repetida: "Nunca vamos tirar o pé da terra".


obituario@folhasp.com.br

Texto Anterior: Mortes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.