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TAKAYUKI MAEDA (1924-2008)
De lavrador imigrante a rei do algodão
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Do dia em que chegou ao
Brasil até o último de seus 83
anos, Takayuki Maeda viveu
do trabalho no campo. "Dizia
que na suas veias não corria
sangue, mas terra", a terra da
Ituverava (SP) onde começou na lavoura de café como
tantos outros imigrantes japoneses que vieram para o
país nos últimos cem anos.
Ficou um império agrícola e
o título de "rei do algodão".
Os pais chegaram ao porto
de Santos em 1927, quando
tinha três anos. Vinham de
Saga-Ken e foram para Ituverava. Só depois de anos na
lida do café juntaram dinheiro para comprar uma gleba e
plantar arroz e algodão.
"Tempos difíceis", em que
"andava 20 km a cavalo para
ir à escola"; até o pai decidir
pela dedicação exclusiva à lavoura. Bom aluno da quarta
série, "deixou a escola chorando". Anos depois, assumiu todos os negócios.
E fez da fazendinha um
conglomerado de milhares
de hectares de uma imensidão branca espalhada pelo
Centro-Oeste. "Visionário",
diz o filho, rompeu com a estrutura familiar pela governança corporativa.
Logo não havia mais "Maedas na diretoria"; assumiu a
Santa Casa de Misericórdia e
ajudou a modernizá-la. Fundou e dirigiu um abrigo de
idosos, hoje com seu nome. E
foi presidente do conselho
do grupo Maeda até sábado,
quando morreu de falência
múltipla dos órgãos. Deixou
sete filhos, 22 netos, dois bisnetos e um "legado" contido
na frase tão repetida: "Nunca
vamos tirar o pé da terra".
obituario@folhasp.com.br
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