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EDUCAÇÃO
Busca por especialistas que orientem a gestão de instituições faz crescer o mercado das consultorias de ensino superior
Consultor ajuda a eleger "reitor-empresário"
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
ALESSANDRA BALLES
DA REDAÇÃO
Cinqüenta e um candidatos. Esse foi o número de profissionais
interessados em conseguir o cargo de reitor da Univale (Universidade Vale do Rio Doce), em um
processo de seleção inédito no
país, que será feito com a ajuda de
uma consultoria educacional.
Além da intervenção externa, o
processo tem como novidade a
abertura das inscrições a profissionais de fora da instituição.
"É um processo nos moldes do
que é feito em Harvard, em Stanford e em muitas outras universidades americanas", diz o professor Roberto Leal Lobo e Silva Filho, ex-reitor da USP e dono da
Lobo & Associados Consultoria
-responsável pela seleção.
"Nós precisamos de uma nova
dimensão, inclusive na área administrativa, e buscamos um reitor com mais experiência", diz
Almyr Vargas de Paula, presidente da Fundação Percival Farquhar, mantenedora da Univale.
A busca por especialistas para
resolver problemas das instituições é uma tendência que faz crescer um mercado que, no início,
era quase amador: o das consultorias de ensino superior. Há cerca
de dez anos, esse trabalho era feito, na maioria das vezes, por professores aposentados que usavam
a sua experiência para orientar na
parte acadêmica das instituições.
Em 1996, com a criação do Provão e os conceitos atribuídos aos
cursos, esse mercado começou a
se profissionalizar. "Com o Provão e os problemas de avaliação,
as instituições passaram a buscar
suporte para se adequar aos parâmetros de qualidade exigidos pelo
Ministério da Educação. Hoje, no
entanto, tão ou mais importante
que isso, é a consultoria de gestão.
A competitividade aumentou
muito", afirma Carlos Monteiro,
dono da CM Consultoria e ex-pró-reitor acadêmico da Universidade de Marília.
De olho nesse mercado -o ensino superior movimenta cerca de
R$ 15 bilhões por ano-, ex-reitores e até um ex-ministro da Educação aproveitam a sua experiência para orientar administradores
das instituições em assuntos que
vão desde a criação de um curso
ou de uma faculdade até o cumprimento da legislação e a melhor
administração de recursos.
Também para enfrentar a concorrência e resolver problemas
como inadimplência e vagas ociosas, há instituições que chegam a
investir até 6% do faturamento
nos serviços de consultoria.
"O setor não estava acostumado
a ter competição, era quase um
oligopólio. As instituições estão
vivendo hoje um mundo desconhecido para elas", diz Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação, ex-reitor da Unicamp e dono da Paulo Renato Souza Consultoria. "As novas instituições já
nasceram nesse ambiente competitivo e estão mais preparadas,
mas as antigas precisam muito de
um reposicionamento no setor",
afirma o ex-ministro.
A Universidade Presbiteriana
Mackenzie, que tem 130 anos, é
uma das instituições tradicionais
que procuraram uma consultoria
para se adequar a esse novo mercado. "A idéia é tornar mais profissional a administração da instituição. Fizemos com a Paulo Renato Souza Consultoria um planejamento estratégico para os
próximos dez anos", diz o reitor
Manassés Claudino Fonteles.
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