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Incêndio destrói parte do teatro Cultura Artística
Principal sala foi completamente danificada pelas chamas, que atingiram 20 m de altura
Casa de espetáculos, aberta em 1950, é uma das mais tradicionais de São Paulo; causas do incêndio ainda não foram esclarecidas
EDUARDO SIMÕES
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio, com labaredas
que atingiram 20 metros de altura e demoraram oito horas
para serem totalmente apagadas pelos bombeiros, destruiu
parcialmente o teatro Cultura
Artística e, segundo o Corpo de
Bombeiros, comprometeu a estrutura do prédio, no centro de
São Paulo, na madrugada de
ontem. Ninguém ficou ferido.
O teatro, particular, é um dos
mais tradicionais de São Paulo
-foi inaugurado em 1950.
Ele ficará interditado por
tempo indeterminado até que o
Contru (Departamento de
Controle do Uso de Imóveis)
avalie se o prédio poderá ser liberado. A direção do teatro
chegou até a colocar em dúvida
se o local poderá ser reaberto.
A sala Esther Mesquita, palco
principal do teatro, no segundo
e último andar da construção,
foi completamente destruída
pelo incêndio. Com o fogo, o teto desabou sobre a platéia, que
tinha 1.156 lugares. A queda do
telhado também destruiu os
três camarins que servem a sala
e os três pianos do teatro. A perícia irá avaliar se a laje que separa o andar de cima do térreo
está comprometida ou não.
Apesar de não terem sido
atingidas, a administração, no
primeiro andar, e a sala Rubens
Sverner (o "Culturinha", com
339 lugares), no térreo, ficaram
completamente alagadas com a
água usada pelos bombeiros.
Alguns documentos teriam sido destruídos. As bilheterias
não foram atingidas.
O mural do artista plástico
brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976), da fachada, que mede 48
metros de largura por 8 de altura -o maior do pintor-, e é feito em mosaico de vidro, foi danificado -sofreu rachaduras e
centenas de pastilhas que o
compõem caíram devido ao calor. A obra deverá passar por
restauração, segundo o teatro.
Apresentações que ocorreriam no teatro hoje e amanhã
foram transferidas para outros
locais (leia quadro na pág. C4).
A Polícia Civil investiga se o
incêndio foi causado intencionalmente, por falta de manutenção ou até por descuido. O
laudo do IC (Instituto de Criminalística) deverá ficar pronto em até 30 dias. Quando o incêndio começou, apenas o porteiro Euzebio Marcos estava no
local. Ele disse à polícia que,
por volta das 4h de ontem, sentiu um forte cheiro de fumaça e,
ao subir até o segundo andar,
constatou o incêndio.
De acordo com o capitão
Martinho de Moraes, dos bombeiros, o hidrante mais próximo do teatro estava quebrado.
Foram deslocados 18 caminhões para apagar o fogo.
Três prédios, com mais de 20
andares cada um, nos fundos
do teatro, tiveram de ser evacuados. Além do temor de as labaredas atingirem os edifícios,
a fumaça invadiu os apartamentos e havia o risco de intoxicação. Cerca de 600 pessoas
ficaram duas horas na rua até
poderem voltar para casa.
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