|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
saiba mais
Incêndio "mata" duas obras-primas
RICARDO FELTRIN
EDITOR-CHEFE DA FOLHA ONLINE
O incêndio do Cultura
Artística ontem também
matou duas obras de arte
da música: os dois pianos
Steinway que viviam no
teatro. O mais antigo estava lá havia 20 anos; o mais
novo, há quatro meses.
Cada piano desses carrega um código genético
de 150 anos. Um dos instrumentos destruídos foi
um Gran Concerto Model
D, doado pela família
Baumgart. O instrumento
vale cerca de US$ 130 mil,
mas só para trazê-lo de seu
berço, a alemã Hamburgo,
gastou-se mais U$ 20 mil.
O outro Steinway "morto" foi um Concert Grand,
com cerca de 20 anos. Era
considerado ainda ativo,
mas já em estado de declínio. Isso porque a alma
dessas obras está localizada no tampo, cujo corte e
preparo podem levar mais
de um ano. Com o tempo, a
sonoridade do tampo decai. A firmeza da afinação
também.
É comum ouvir a frase:
"Pianos são como seres vivos". Alguns até assustam.
Antes da estréia do model
D, em maio, Nelson Freire
se mostrou receoso. "Não
sei se ele vai gostar de
mim." Freire já havia se
desentendido anos atrás
com outro Steinway, na
Sala São Paulo.
O Steinway está para o
piano assim como Stradivarius está para o violino.
Com a diferença que Antonio Stradivari morreu sem
herdeiros. E os mágicos
Steinway continuam vivos. Exceto os dois que
morreram ontem.
Texto Anterior: Direção põe em dúvida reabertura do teatro Próximo Texto: Moacyr Scliar: Paixão olímpica Índice
|