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DANUZA LEÃO
O melhor momento
As mulheres têm problema com a idade; todas -e
em qualquer idade.
Aos 18, elas se acham umas velhas, aos 22, caquéticas e, aos 30,
mesmo as que nunca ouviram falar de Balzac, acabadas. E assim
vão, sofrendo por um tempo que
passou e não volta mais. Lembra
quando, aos 27, você deixou de
sair com um de 23 porque ia parecer mãe dele? E também com
aquele bonitão de 40 porque ouviu falar que ele tinha uma namorada de 22 e, na hora da comparação, você ia parecer uma anciã? Como nós, quando jovens,
podemos ser ridículas. E quanta
perda de tempo: hoje, se você não
sabe, a idade de ouro das mulheres é entre 45 e 50. Nessa faixa você pode estar linda e com um corpo divino -se tiver sabido se cuidar, claro. Obrigação, aliás, não
só das mulheres como também
dos homens.
Não é porque você mora numa
favela ou tem problemas com o
marido e o filho que tem o direito
de comer loucamente e ficar 15
quilos acima do peso ideal; e passar uma escova no cabelo (comprada no camelô) não leva mais
do que um minuto e meio.
Não tem nada a ver uma coisa
com a outra, e quem está legal fisicamente tem mais condição de
lidar com as dificuldades normais
do dia-a-dia -das pobres e das
ricas- do que as que não se cuidaram.
Vejamos agora, lucidamente, as
vantagens de ter passado dos 40.
Depois dessa idade, o mais frequente é ter casado e descasado
umas duas vezes e tido todos os filhos que pretendia ter. Mas, mesmo que continue solteira, já perdeu a ilusão de que um dia vai
passar pela sua porta um príncipe
encantado montado num cavalo
branco, perfeito em todos os sentidos, com uma única missão: fazer
você feliz. Por fazer você feliz entenda-se, entre infinitas outras
coisas, repetir, umas 38 vezes por
dia, que te ama e que você é a mulher mais linda do mundo, a mais
maravilhosa e, nunca, em nenhum momento, olhar para outra. Como nenhum homem faz isso, eis algumas belas razões para
ficar bem infeliz.
Já entre os 40 e os 50 não é por
esses critérios que se escolhe um
homem; cada uma de nós tem os
seus, que, aliás, são bem variados,
mas, se um homem disser mais de
uma vez por semana que não pode viver sem você, dá vontade de
botar as malas dele na calçada; se
disser duas, de jogar pela janela.
Nenhuma mulher mais esclarecida quer um homem dependente,
que sem ela é capaz de cair de boca na sarjeta. Um amor legal é
aquele em que as pessoas se gostam, mas são fortes o suficiente
para enfrentar qualquer circunstância da vida -inclusive ficarem sós, se forem largadas.
Capítulo filhos: nessa idade, eles
já devem estar grandinhos, e inúmeros problemas já não existem
mais. Das fraldas a alguma experiência com drogas -e qual o filho que livrou a cara da mãe nesse quesito?-, a atmosfera familiar já deve estar mais tranquila.
E vamos falar francamente: dá
para namorar com filhos problemáticos? A gente até tenta, mas o
namoro não vinga.
Ainda no capítulo filhos: aos 45,
ninguém vai inventar ter outro,
por razões mais do que óbvias. A
essa altura do campeonato a vida
profissional costuma estar estabilizada, e os fins de semana numa
praia podem transcorrer sem
aquele pânico de o telefone tocar
e ter acontecido alguma coisa
horrível, que tanto pode ser um
febrão, quando eles são pequenos,
como, mais tarde, um deles ter sido preso numa batida em um
baile funk. Aos 20, 25, essas crianças devem estar estudando ou
trabalhando e têm a obrigação de
já terem criado juízo. Como,
aliás, você também, para não cair
na conversa fiada de um bonitão
qualquer.
É nessa hora que você começa a
poder desfrutar de sua vida com
mais maturidade e liberdade.
Sem querer o impossível e valorizando muito mais o possível.
Se você está nesse momento da
vida, relaxe e aproveite. Muito
mais tarde, vai reconhecer que,
apesar de tudo o que dizem, esses
são os melhores anos da vida de
uma mulher -e é bom saber disso agora.
Aliás, agora, não: já.
E-mail -
danuza.leao@uol.com.br
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