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CIDADANIA
Reações variaram de repúdios a declarações contra o homossexualismo; projeto de lei tramita há mais de seis anos
Apoio de FHC à união gay causa protestos
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso segurando a bandeira arco-íris e pedindo a aprovação da união civil
entre pessoas do mesmo sexo -o
casamento gay-, em solenidade
realizada segunda-feira passada
no Palácio do Planalto, gerou protestos fervorosos na Câmara.
As reações variaram de repúdios a declarações contra o homossexualismo. O projeto de lei,
proposto pela então deputada
Marta Suplicy (PT-SP), tramita há
mais de seis anos na Casa.
Na terça-feira, o deputado Jair
Bolsonaro (PPB-RJ), capitão da
reserva do Exército, colocou a foto de FHC segurando a bandeira
gay na porta de seu gabinete, com
a frase: "Eu já sabia...".
Questionado, Bolsonaro não
quis revelar como termina a frase.
"O objetivo é tirar sarro", disse,
sem conter a risada. "Não vou
combater nem discriminar, mas,
se eu vir dois homens se beijando
na rua, vou bater."
Em plenário, o deputado Euler
Morais (PMDB-GO) pediu que os
evangélicos retirem o apoio ao
presidenciável tucano, José Serra.
Segundo ele, aprovar o casamento gay é a "institucionalizar o
perverso, a corrupção, a imoralidade, a vergonha e a nudez".
"Se o homossexualismo se alastrar, teremos uma sociedade
doentia", afirmou Morais.
Para o deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), líder de movimento contra o casamento gay,
FHC "investe na destruição da família brasileira, patrocinando o
casamento entre homossexuais e
defendendo a prostituição".
Conduta indecorosa
As reações dos deputados não
passaram despercebidas. Um assessor parlamentar, homossexual, já pediu providências da
presidência da Câmara.
O regimento interno dos deputados define como conduta indecorosa o uso de "expressões que
configurem crime contra a honra
ou contenham incitamento à prática de crimes".
Osmar Gomes, autor da petição,
também escreveu ao presidente
da República para avisar sobre o
"pôster" de Bolsonaro. "Trata-se
de uma afronta", escreveu.
De acordo com Adenilton Gomes, do GGB (Grupo Gay da Bahia), as declarações dos deputados demonstram homofobia e
preconceito. "A união civil é uma
questão de cidadania", disse.
De acordo com Paulo Sérgio Pinheiro, secretário nacional de Direitos Humanos, a união civil é
uma reivindicação de uma parcela da sociedade e merece ser analisada de forma democrática.
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