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Anna Jatobá sugere que a Justiça ouça filho de 4 anos
O garoto, filho de Jatobá e Nardoni, estava com os pais no dia da morte de Isabella
A sugestão foi feita ontem, após depoimento do síndico de que o menino teria dito a um vizinho que não havia estranhos no local do crime
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A madrasta de Isabella, 5, Anna Carolina Jatobá, afirmou
ontem no fórum de Santana
(zona norte de SP) que quer
que o filho de quatro anos seja
ouvido pela Justiça. O pedido
foi feito ao marido dela e pai da
menina, Alexandre Nardoni,
que junto com ela é acusado da
morte da criança. O filho mais
velho do casal estava com a família no dia da morte da irmã.
Anna fez a afirmação em tom
tenso quando o síndico do edifício London, Antonio Lucio
Teixeira, no depoimento, disse
que um vizinho o procurou ontem e disse que falou com o menino após a queda de Isabella.
Segundo Teixeira, o vizinho
perguntou: "Filho, alguém entrou no seu apartamento?". A
criança disse: "Não, não". Depois, o homem perguntou o que
aconteceu. O menino soluçou.
Segundo assessores do Tribunal de Justiça, que assistem
aos depoimentos, a afirmação
causou alvoroço. O juiz chegou
a perguntar se, em meio aos soluços, a criança falou a palavra
pai. O advogado de defesa fez o
síndico esclarecer que a resposta foi só uma série de soluços.
O promotor Francisco Cembranelli tentou colocar fim à
discussão dizendo que chamaria o vizinho para falar. O juiz
assentiu. O vizinho disse à reportagem que não falaria sobre
o assunto antes de conversar
com Teixeira e não disse se falou ou não com o menino.
Após o crime, a hipótese de
ouvir o menino foi discutida.
Promotoria e defesa concordaram que seria traumático para
a criança. A afirmação de Anna
a Alexandre foi um dos poucos
momentos de exaltação do casal durante o julgamento.
Tanto Ana Carolina Oliveira,
mãe de Isabella, quanto Rosa
Maria de Oliveira, avó materna,
ressaltaram a preocupação das
famílias Oliveira e Nardoni em
deixar Anna Jatobá sozinha
com Isabella. Esta foi a primeira vez em que a família Oliveira
encontrou pessoalmente o casal acusado da morte de Isabella em quase três meses.
Ana Oliveira disse que a avó
paterna de Isabella, Maria Aparecida Nardoni, tinha receio de
deixar a neta a sós com Anna
Jatobá. Anteontem, uma ex-vizinha dos pais de Nardoni, Benícia Maria Bronzati Fernandes, disse ter alertado Maria
Aparecida sobre Anna Jatobá.
A mãe de Isabella foi questionada sobre por que acredita no
envolvimento de Nardoni e Anna Jatobá no assassinato de
Isabella. Ela respondeu que sua
desconfiança está baseada em
"algumas coisas que tinham
acontecido", e que "a Isabella
poderia ter falado alguma coisa". Segundo assessores de imprensa do Tribunal de Justiça,
o juiz e os advogados não pediram a ela que desse detalhes.
Houve nove depoimentos
ontem, incluindo vizinhos que
ouviram gritos, o porteiro Waldomiro Veloso, uma testemunha cuja identidade não foi revelada e a avó materna. O avô
materno, José Arcanjo de Oliveira, foi dispensado. O juiz entendeu que seu depoimento seria parecido com o da mulher.
Todos repetiram as mesmas
afirmações que haviam dado à
polícia. A única que recuou em
uma informação foi Rosa. Ela
disse que a filha não ficou doente quando terminou o namoro
com Alexandre, mas teve apenas uma gastrite. Nardoni manifestou indignação.
Os advogados de defesa fizeram perguntas cujo sentido
ainda não é claro. Para Ana Oliveira, perguntaram se teve um
caso com alguém do banco onde trabalha quando namorava
Nardoni. Ela respondeu que
nem sequer trabalhava na
agência na época. Questionaram ainda, sem explicar de
quem se trata, se conhecia um
Robson. Ela afirmou que sim.
Ana e o porteiro tiveram que
responder também se eram
destros. Ambos disseram ser.
O último depoimento acabou
às 22h44. As testemunhas de
defesa serão ouvidas nos dias 2
e 3 de julho.
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