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Consórcio contesta IPT e diz que cratera no metrô foi fatalidade
Laudo particular afirma que problemas com o terreno eram "imprevisíveis"
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Consórcio Via Amarela,
responsável pela construção da
linha 4 do metrô, apresentou
ontem laudo em que aponta
três "fatalidades" como causas
do acidente que matou sete
pessoas na obra da futura estação Pinheiros em 2007.
O parecer incluiu um relatório de "inconsistências" de cada
um dos 11 pontos do laudo do
IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas). No documento,
divulgado há 40 dias, o IPT culpou o Metrô e, principalmente,
o consórcio pelo acidente.
Segundo especialistas que fizeram o laudo do consórcio, de
800 páginas, a geologia do local
era diferente da prevista no
projeto básico apresentado antes da licitação (veja quadro).
As diferenças também não foram detectadas pelo Via Amarela em 20 sondagens complementares e, portanto, são consideradas "imprevisíveis".
O relatório do IPT apontava
má gestão, falhas no projeto e
falta de acompanhamento dos
sinais de que poderia haver um
deslizamento. O diretor de contratos do consórcio, Márcio Pellegrini, criticou o relatório do
instituto e afirmou que não havia nada de anormal na obra.
Ele confirmou, porém, que,
às 14h (53 minutos antes do acidente), um técnico foi ao local
para fazer uma sondagem adicional. O normal é fazer apenas
uma sondagem, que já havia sido feita pela manhã. "Como ali
não tinha comportamento atípico, em tese, não haveria necessidade de fazer esta leitura
às 14h, mas ele procurou se antecipar à leitura que seria feita
no sábado de manhã. Talvez para adiantar o trabalho, é normal
isto acontecer."
Sustentando que as causas do
acidente eram imprevisíveis,
Pellegrini disse que hoje "dificilmente alguém arriscaria fazer um túnel dentro de um centro urbano, passando este túnel
por uma área de contato como
aquela, de geologia complexa".
Lembrado de que as obras seguem no local, mudou de idéia.
"Não, acho que arriscaria, sim.
Só que hoje temos aí um exemplo vivido, que é uma experiência negativa. Isto, no mínimo,
pode levar a uma reflexão".
Pellegrini mostrou a foto de
uma rocha que poderia ter causado um acidente na estação
Butantã se fosse achada em outra etapa da obra. "Você pode
fazer uma sondagem a dez centímetros e cair do lado da rocha". O IPT deve analisar o relatório e se pronunciar na semana que vem.
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