São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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MARIA DE LOURDES MENDES DE ALMEIDA (1930-2008)

A curadora e seus novos artistas no Rio

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para os artistas que passaram por sua galeria, Maria de Lourdes Mendes de Almeida era "uma verdadeira curadora", alguém que, com "seu filtro de delicadeza", podia "antever a projeção de um Cildo Meirelles antes que sua carreira explodisse". Para os outros, era apenas a mulher do professor Candido Mendes.
"A vida de Candido é uma instituição em si mesma", diz um amigo. Já Maria de Lourdes vivia sem alardes, desde que se casaram em 1954. Tinha quatro filhos, cinco netos e "uma discrição absoluta", diz o amigo. "Era uma pessoa que não aparecia."
Filósofa de formação e escritora de fato, publicou contos e escreveu poesia. Mas seu legado mais visível era a galeria de arte do Centro Cultural Candido Mendes, que ela fundou em 1977 e onde até hoje jaz, na rua, a bela obra neoconcreta de Franz Weissmann (por causa dela).
Maria não tinha receio de arriscar. Visitava os artistas emergentes em seus ateliês e lhes dava grandes espaços na galeria que dirigia. "Não recebia exposições em caixotes", diz um colega. Ia em busca da arte na sua fonte.
Cildo Meirelles e Tunga, nos anos 70, estavam longe de serem conhecidos como hoje, mas ganharam de Maria de Lourdes a chance de expor grandes instalações - como "O Sermão da montanha: Fiat Lux", de Cildo.
Assim continuava na galeria, discreta, silenciosa, a garimpar novos artistas. Morreu na quinta, aos 78, de falência múltipla dos órgãos.

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