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Mosaico de Di Cavalcanti da fachada pode ser reconstituído, diz restaurador
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Preservado apesar do incêndio que devastou no domingo o
teatro Cultura Artística, o mosaico de 48 metros de largura
por 8 metros de altura assinado
pelo artista plástico carioca Di
Cavalcanti poderá ser restaurado ou inteiramente refeito -a
diretoria esperava ontem um
parecer técnico do que sobrou
para decidir o destino da obra.
De acordo com o restaurador
Júlio Moraes, que há cerca de
quatro anos recuperou um mosaico de Di Cavalcanti no hotel
Jaraguá, no centro de São Paulo, a reconstituição não é difícil.
"O mosaico [do hotel] estava
bem estragado, faltavam peças,
tinha umas quebradas, mas
conseguimos novas da cor exata", conta Moraes.
Em outro caso, no Centro de
Estudos Brasileiros da Cidade
Universitária, onde era preciso
transferir um mosaico do antigo saguão do prédio para um
novo, Moraes retirou o conjunto de peças e o afixou em uma
estrutura metálica.
"Ficou uma peça móvel. Eles
estão construindo um novo
prédio para o instituto e vamos
transferi-lo de novo", explica.
De acordo com especialistas,
o mosaico de Di Cavalcanti no
Cultura Artística é o maior
existente no Brasil. Inaugurado
em 1950 por encomenda do arquiteto italiano Rino Levi
(1901-1965), que projetou o
prédio, a obra foi desenhada especialmente para a fachada.
"Se o mosaico for remontado
em outro lugar, o valor cai. Eu
avaliaria por algo entre R$ 6
milhões e R$ 8 milhões, dependendo do restauro", diz o diretor da Bolsa de Arte do Rio de
Janeiro, Jones Bergamin.
Na opinião de Elisabeth Di
Cavalcanti, filha do artista e detentora dos direitos autorais
sobre suas obras, "é preciso
usar o bom senso". "Hoje, os
restauradores tendem a interferir o mínimo possível no original. Se você refaz o mosaico
com peças novas, jamais vai ter
o valor histórico da obra", diz.
No caso da obra do teatro,
Elisabeth explica que não tem
poder de decisão sobre seu destino. "O órgão responsável pelo
tombamento [em processo] é
quem deve resolver", diz ela.
A Vidrotil, fabricante dos
mosaicos de vidro que compõem o mosaico, decidiu doar
as peças, ou, em caso de desmonte, arcar com as despesas
de recolocação. O diretor de
marketing e design da empresa,
Rogério Cordeiro, afirma que o
metro quadrado dos mosaicos
pode custar entre R$ 1.500 e R$
3.000, sem levar em conta o valor histórico. "Quanto mais trabalhado é o desenho, mais cara
é a recolocação. Se houver cores quentes, como laranja e vermelho, o preço também sobe."
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