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Consumo de mel pode fazer mal a bebês, afirma Anvisa
Estudos detectaram botulismo em amostras; ideal é ingestão só após os 2 anos
Agência diz que não há motivo para pânico, pois não tem registros da doença em crianças transmitida por mel; recomendação é preventiva
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) divulgou recomendação para que
adultos não dêem mel a crianças com menos de um ano. Ela
se baseou em estudos que mostraram a presença da bactéria
Clostridium botulinium, causadora do botulismo intestinal,
em exemplares do produto.
Um dos trabalhos, realizado
por pesquisadores da Unesp e
publicado neste ano, analisou
cem amostras de mel colhidas
em 2002 e 2003 em mercados,
feiras livres e camelôs de seis
Estados -Ceará, Goiás, Mato
Grosso, Minas Gerais, Santa
Catarina e São Paulo. A bactéria foi encontrada em 7% delas.
A pesquisa examinou apenas
o mel artesanal, mas, segundo
Adriana Valim Ferreira Ragazani, uma das autoras, análises
preliminares mostraram que o
produto industrializado também tem o mesmo risco.
A pesquisadora afirma que o
ideal é que crianças só comam
mel a partir dos dois anos. Até
essa idade, afirma, sua flora intestinal não está totalmente
formada. Isso permite o alojamento da bactéria no seu sistema digestivo, o que pode causar
a doença. Adultos tendem a eliminar a Clostridium botulinium
transmitida pelo mel.
Em 2006, foram registrados
cinco casos de botulismo. O
Ministério da Saúde informou
que ontem não teria tempo hábil para apurar se ocorreram
em bebês e se a bactéria foi
transmitida por mel.
Maria Cecília Martins Brito,
da diretoria colegiada da Anvisa, diz que a agência não tem
registros com essas características. Ela acredita, porém, que
pode haver casos não diagnosticados ou em que o médico
não faz elo entre a doença e o
consumo do produto.
Brito ressalta que as evidências não são motivo para pânico. "É motivo para cuidado.
Não precisamos ser submetidos a esse perigo." A recomendação tem caráter preventivo.
A autora do estudo da Unesp
afirma que não é possível determinar com precisão a presença da bactéria no mel, mas
duas hipóteses são: problemas
na manipulação do produto ou
na esterilização da embalagem.
A inspeção da qualidade do
alimento é feita pelo Ministério da Agricultura. Questionada via assessoria de imprensa, a
pasta, porém, diz que não analisa a presença da bactéria, pois
não há regulamentação.
Ressaltando que não há razão para alarme, a diretora da
Anvisa recomendou a mães de
bebês que ingeriram mel que,
por precaução, fiquem atentas
a sintomas como prisão de ventre e dificuldade de sucção. O
botulismo pode levar à morte,
mas tem tratamento se diagnosticado a tempo.
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