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Médicos não fazem procedimentos novos de planos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Usuários de planos de saúde
não conseguem ter acesso aos
novos procedimentos médicos
e terapêuticos -como psicoterapia, vasectomia, laqueadura e
colocação de DIU- porque
profissionais de saúde credenciados têm se negado a fazê-los.
Nas últimas semanas, a Pro
Teste (Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor) e a
ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) receberam ao
menos 30 reclamações.
A nova cobertura passou a
valer em abril para 200 procedimentos e pretende beneficiar
cerca de 26 milhões de pessoas
-todas com planos firmados a
partir de 1999, após a lei que regulamentou o setor.
Segundo a Pro Teste, apesar
de o plano indicar os credenciados para fazer os procedimentos, no consultório o usuário é
informado de que o atendimento pelo convênio não será
feito, por não cobrir os custos.
A assistente administrativa
Patrícia Figueiredo, 34, conta
que procurou dois ginecologistas para a colocação de um DIU
e ambos se recusaram a atendê-la. Um deles ofereceu o serviço
por R$ 500. "Não vou pagar",
diz ela, mãe de dois filhos e que
não pode usar pílula.
Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro
Teste e colunista da Folha, o
consumidor não deve ser penalizado pela falta de acordo entre planos e médicos. "Esse é
um problema que deve ser resolvido entre as operadoras e
os médicos ou os laboratórios."
De acordo com Karla Coelho,
gerente da ANS, os planos de
saúde são responsáveis pelos
profissionais credenciados e, se
houver negativa de cobertura,
as operadoras poderão ser
multadas em até R$ 80 mil.
Para Arlindo de Almeida,
presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina
de Grupo), as operadoras não
têm como pagar pelos procedimentos porque não puderam
reajustar os contratos. "Mas
têm que cumprir a determinação. Se há profissionais que não
estão cumprindo o acordado,
devem ser descredenciados."
Os planos recorreram sem
sucesso à Justiça para sustar a
aplicação do novo rol de procedimentos, dizendo que as coberturas são caras. As operadoras queriam que a ANS levasse
em conta no reajuste deste ano
o impacto com a mudança, mas
a agência só o fará em 2009.
O médico Renato Azevedo
Júnior, secretário do Cremesp
(Conselho Regional de Medicina) acredita que a confusão esteja ocorrendo por falta de informação. "Os planos de saúde
não comunicaram os médicos
sobre os novos procedimentos
nem quanto pagarão."
Denúncias podem ser feitas
pelo 0800-701-9656 ou pelo site www.ans.gov.br.
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