São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Médicos não fazem procedimentos novos de planos

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Usuários de planos de saúde não conseguem ter acesso aos novos procedimentos médicos e terapêuticos -como psicoterapia, vasectomia, laqueadura e colocação de DIU- porque profissionais de saúde credenciados têm se negado a fazê-los.
Nas últimas semanas, a Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) receberam ao menos 30 reclamações.
A nova cobertura passou a valer em abril para 200 procedimentos e pretende beneficiar cerca de 26 milhões de pessoas -todas com planos firmados a partir de 1999, após a lei que regulamentou o setor.
Segundo a Pro Teste, apesar de o plano indicar os credenciados para fazer os procedimentos, no consultório o usuário é informado de que o atendimento pelo convênio não será feito, por não cobrir os custos.
A assistente administrativa Patrícia Figueiredo, 34, conta que procurou dois ginecologistas para a colocação de um DIU e ambos se recusaram a atendê-la. Um deles ofereceu o serviço por R$ 500. "Não vou pagar", diz ela, mãe de dois filhos e que não pode usar pílula.
Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha, o consumidor não deve ser penalizado pela falta de acordo entre planos e médicos. "Esse é um problema que deve ser resolvido entre as operadoras e os médicos ou os laboratórios."
De acordo com Karla Coelho, gerente da ANS, os planos de saúde são responsáveis pelos profissionais credenciados e, se houver negativa de cobertura, as operadoras poderão ser multadas em até R$ 80 mil.
Para Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), as operadoras não têm como pagar pelos procedimentos porque não puderam reajustar os contratos. "Mas têm que cumprir a determinação. Se há profissionais que não estão cumprindo o acordado, devem ser descredenciados."
Os planos recorreram sem sucesso à Justiça para sustar a aplicação do novo rol de procedimentos, dizendo que as coberturas são caras. As operadoras queriam que a ANS levasse em conta no reajuste deste ano o impacto com a mudança, mas a agência só o fará em 2009.
O médico Renato Azevedo Júnior, secretário do Cremesp (Conselho Regional de Medicina) acredita que a confusão esteja ocorrendo por falta de informação. "Os planos de saúde não comunicaram os médicos sobre os novos procedimentos nem quanto pagarão."
Denúncias podem ser feitas pelo 0800-701-9656 ou pelo site www.ans.gov.br.


Texto Anterior: Médicos negam procedimentos novos a clientes de planos
Próximo Texto: Clima: Temperatura em SP chega a 29,9C, a mais alta do inverno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.