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RELIGIÃO
Baixada Santista recupera marcos da passagem do padre jesuíta
Litoral de SP terá roteiro dos passos de Anchieta
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados 450 anos do desembarque do jovem jesuíta José de
Anchieta (1534-1597) no Brasil,
peregrinos poderão refazer, a partir do ano que vem, os passos do
padre em sua jornada do período
colônia pelo litoral de São Paulo.
De carro, num primeiro momento, a pé ou de bicicleta, no futuro, o viajante terá contato com
27 marcos da passagem de Anchieta pela Baixada Santista, mais
nove igrejas da Companhia de Jesus, à qual ele pertencia.
O roteiro, batizado de Caminhos de Anchieta, foi recuperado
a partir de uma pesquisa da Unisantos (Universidade Católica de
Santos), realizada a pedido da Canan (Associação Pró-Canonização de Anchieta) e de prefeitos de
nove municípios do litoral.
A idéia é que o percurso de 157
km, de Peruíbe a Bertioga, seja
transformado em uma versão do
Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, ou dos Caminhos da Fé, recém-criado no
interior de São Paulo.
O forte de Bertioga, que abrigou
Anchieta por cinco dias quando
ele seguia para negociar a paz
com os índios tamoios em Ubatuba, e a capela de Guaibê, no Guarujá, onde índios disseram ter visto luzes e ouvido vozes celestiais
cantando enquanto o padre rezava, fazem parte do percurso preparado.
O peregrino receberá informações sobre os pontos e terá um
passaporte para registrar os trechos cumpridos. A Praia Grande,
onde será construído um santuário, é o centro do caminho.
Os viajantes terão detalhes sobre o Anchieta personagem histórico, assim como sobre as manifestações que o ajudaram a ser declarado beato pelo Vaticano, em
1980, e descobrirão o que faz parte
da tradição oral popular, afirma o
padre Cesar Augusto dos Santos,
58, presidente da Canan e vice-postulador da causa de canonização do jesuíta.
A Canan, mantida pela Companhia de Jesus, tem como missão
difundir a história do beato e procurar um milagre, acontecido depois de 1980 e atribuído a ele, para
pleitear que Anchieta seja declarado o primeiro santo brasileiro.
Madre Paulina (1865-1942) é a
primeira santa brasileira.
Os Caminhos de Anchieta serão
abertos aos peregrinos, segundo
estimativa dos prefeitos do litoral,
em março do ano que vem.
Numa segunda etapa, o roteiro
terá mais pontos turísticos e será
ampliado para o litoral norte e para outros Estados por onde Anchieta passou, como Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em Ubatuba,
litoral norte paulista, o jesuíta escreveu nas areias da praia de Cruzeiro um poema sobre a Virgem
Maria, com quase 6.000 versos.
As prefeituras e o Estado estão
investindo no treinamento de
guias e em infra-estrutura. O projeto pode redirecionar o turismo
na região, que hoje se caracteriza
pelo veranismo, diz a delegada regional de turismo da Baixada
Santista, Maria Thereza Ortale.
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