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IGREJA CATÓLICA
Arquidiocese inicia restauração de obras e inventariado do patrimônio cultural religioso de suas paróquias
Santuário de Aparecida preserva séculos de história
CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
Iniciada na semana passada, a
restauração de cinco mosaicos
que foram doados pelo papa João
Paulo 2º, em 1980, em sua visita à
Basílica Nacional de Aparecida,
marca um processo de reestruturação cultural da arquidiocese e
do Santuário Nacional, que começou no ano passado a inventariar
todo o patrimônio cultural religioso de suas paróquias.
Os painéis, que medem dois
metros de altura por dois metros
de largura, ficaram expostos na
capela do Santíssimo, no interior
da basílica, e sofreram alguns danos em decorrência da ação dos
anos e do clima.
Somente no museu da basílica
existem 2.500 objetos e obras de
arte -cerca de 500 deles precisam passar por algum processo
de restauro.
O inventário cultural também
tem o objetivo de ajudar a diocese
a recuperar o que está degradado.
Determinação papal
O trabalho é uma determinação
do papa, que, em 1996, fundou a
Comissão dos Bens Culturais e
Históricos da Igreja, determinando que todas as dioceses e arquidioceses realizem esse levantamento com o intuito de preservar
o patrimônio religioso. No Brasil,
a comissão nacional foi criada somente no ano passado.
A Arquidiocese de Aparecida
abrange as paróquias de cinco cidades: Aparecida, Guaratinguetá,
Roseira, Potim e Lagoinha. Todas
as igrejas e capelas das paróquias
passarão pelo levantamento, que
identificará todos os elementos
que fazem parte da cultura religiosa, que vão de imagens até partituras musicais.
O trabalho também inclui um
levantamento da situação arquitetônica em que se encontram os
templos. Para se ter uma idéia, algumas das paróquias da arquidiocese possuem igrejas construídas nos séculos 18 e 19.
Segundo um dos realizadores
do inventário, César Maia, funcionário do Memorial Redentorista de Aparecida, há nove meses
18 capelas de três paróquias da cidade já foram inventariadas.
"É um trabalho minucioso e demorado, que deve ser feito com
um agendamento prévio da paróquia. O prazo para a conclusão é
indeterminado", afirmou Maia.
Mudanças
Paralelamente a isso, o Santuário Nacional tem um projeto para
a reestruturação de seu museu e
de seu arquivo histórico, que tem
o mesmo objetivo das comissões
criadas pelo Vaticano: preservar
corretamente o patrimônio.
Até 2004, o museu da basílica
deve ser ampliado. Atualmente
ele ocupa todo o segundo andar
da torre da igreja e, depois de realizada a ampliação, passará a ocupar mais um piso.
Segundo o chefe do museu da
basílica, Guido Machado Braga,
com a reestruturação o acervo será dividido em setores.
No local, as peças não são dispostas em divisões específicas:
obras de arte sacra dividem o
mesmo ambiente com trabalhos
indígenas. Pratarias e jóias ficam
ao lado de paramentos antigos, e
relíquias se localizam entre armários com porcelanas.
"Atualmente 11 pessoas trabalham aqui, mas nós não possuímos nenhum museólogo", disse
Braga.
Desde sua fundação, 47 anos
atrás, o local recebe doações, a
maioria delas provenientes de romeiros e devotos de Nossa Senhora Aparecida.
Entre as peças doadas existem
obras de arte barroca dos séculos
18 e 19, objetos da Revolução
Constitucionalista, telas e artigos
curiosos, como a réplica do capacete oficial do piloto de F-1 Ayrton
Senna, morto em 1994, que foi
doada pela família.
"Para mim as obras mais valiosas e raras são essas", aponta Braga para duas telas da Escola de Paris, datadas de 1370. Elas retratam
São Bernardino de Sena e Santo
Antonio e foram doadas também
pelo Vaticano, há 20 anos.
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