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SP paga o menor piso do país para delegado
Governo Serra (PSDB) paga um salário inicial de R$ 3.708,18; no Acre, um delegado em início de carreira recebe R$ 6.196,40
Se for considerado o menor salário da capital, São Paulo passa à frente de Minas Gerais e fica em penúltimo lugar no ranking nacional
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo paga o menor salarial do país para delegados da
Polícia Civil em início de carreira, segundo levantamento
realizado pela Folha a partir de
informações oficiais de governos e secretarias de Segurança
Pública de todos os Estados.
Quem assume o cargo em
uma cidade pequena do interior paulista recebe R$
3.708,18, contra os R$ 4.108,42
pagos de piso em Minas Gerais,
o penúltimo do ranking.
Se for considerado o menor
salário da capital, São Paulo
passa à frente de Minas Gerais
e fica em penúltimo lugar no
ranking nacional.
A questão salarial é hoje o
principal ponto de divergência
entre o governo de José Serra
(PSDB) e 19 entidades sindicais
que representam delegados, investigadores e escrivães.
Na semana passada, aos sindicatos promoveram uma greve que durou quase sete horas
na quarta-feira da semana passada. Hoje, as partes se reúnem
para uma rodada de negociação
no TRT (Tribunal Regional do
Trabalho). Outra paralisação
não está descartada.
No topo do ranking está o
Distrito Federal, onde um delegado em início de carreira recebe R$ 12.992,70. Porém, segundo a Secretaria de Segurança
do DF, o salário é uma incumbência do governo federal -diferente do que ocorre nos Estados, onde a responsabilidade é
dos governadores.
A segunda maior remuneração inicial para delegados é paga pelo governo do Paraná (R$
9.599,63). Estados como Acre,
Amazonas e Pará pagam, respectivamente R$ 6.196,40, R$
6.100 e R$ 5.755,55.
O levantamento da Folha
considera o salário propriamente dito somado às gratificações, que alguns Estados prefere chamar de "adicional".
Sempre considerando a menor
remuneração, o piso.
No Estado de São Paulo, por
exemplo, a remuneração dos
policiais civis é composto pelo
salário base e gratificações extras por "regime especial de
trabalho" (ou seja, que podem
ser chamados a qualquer hora
para o trabalho), "localidade" e
"insalubridade".
Três pisos
Existem em São Paulo três
pisos salariais, que variam de
acordo com o tamanho da cidade onde o policial trabalha.
Em cidades com menos de
200 mil moradores, o salário
inicial para delegado é R$
3.708,18. Em municípios com
população entre 200 mil e 500
mil habitantes, como Diadema
(Grande São Paulo), a remuneração é de R$ 3.926,18.
Nas cidades com mais de 500
mil habitantes, o delegado em
início de carreira recebe R$
4.275,18, segundo a Secretaria
de Gestão Pública.
Em alguns Estados, delegados de cidades do interior acabam recebendo mais adicionais
em comparação aos que trabalham na capital, para compensar dificuldades de acesso ou a
distância.
"Hoje a Polícia Civil de São
Paulo é reconhecida como uma
das melhores do mundo. Somos nós que fornecemos treinamento para as polícias de outros Estados, mas, quando vamos ao Nordeste para dar palestras, por exemplo, ficamos
com vergonha de falar sobre os
nossos salários", disse o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da Adpesp (Associação
dos Delegados de Polícia do Estado de SP).
Investigadores
No caso dos investigadores,
cujos salários iniciais são R$
1.757,82 em cidades com menos de 200 mil habitantes, São
Paulo ficaria na 15ª colocação,
na frente do Rio de Janeiro e
Rio Grande do Sul, entre outros. Se a comparação fosse feita com salários em cidades paulistas médias (R$ 1.975,82) e
com o das cidades com mais de
500 mil habitantes (R$
2.324,82), as posições no ranking seriam a 10ª e a 6ª, respectivamente.
João Batista Rebouças da Silva Neto, presidente do Sipesp
(Sindicato dos Investigadores
de Polícia do Estado de São
Paulo), contesta o valor do salário inicial informado pela Secretaria de Gestão.
Segundo ele, o salário mais
baixo pago a investigadores em
São Paulo é de R$ 1.458, e não
R$ 1.757,82.
Para Silva Neto, o salário dos
investigadores de São Paulo é o
penúltimo do ranking nacional.
Colaborou CINTHIA RODRIGUES, da Reportagem Local
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