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ANTONIO ALMEIDA DE CARVALHO (1922-2008)
Tonito e a "banheira" azul ano 1988
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A mulher chamava de "banheira" o xodó de Tonito: um
Del Rey ano 88, azul, que só
ele sabia dirigir. Albertina,
apelido Betty, dizia que, na
hora de guiar, o carro do marido era "pesado". Por dentro, achava um conforto só.
Antonio Almeida de Carvalho adorava o veículo. Foi
só melhorar um pouquinho
da cirurgia na perna que já
estava desfilando com a máquina pelas ruas da cidade.
Sentia prazer ao dirigir -e,
da mesma forma, ao redigir
seus textos. Se morria um conhecido, cabia a Tonito fazer
a homenagem por escrito.
Jornalista formado, saído da
primeira turma da Faculdade Cásper Líbero, na capital,
nunca exerceu a profissão.
Mas dava extremo valor
aos estudos. Tanto que se
formou também dentista,
pela USP, no início dos anos
50. Não praticou o ofício.
Foi naquela época que entrou para a Secretaria de Estado da Saúde e, de lá, só saiu
aposentado, nos anos 90. Sua
especialidade era revisar
processos, "a parte chata do
trabalho", brinca Betty.
Em 1999, deu suporte técnico para a Unesco num convênio firmado com o Estado
no combate à Aids e às DSTs.
Era um faz-tudo para a
mulher. Ao longo dos últimos 56 anos, foi ele quem
preparou o café da manhã.
Achando-se mimada, Betty
perguntou a ele, no hospital:
"Como vou me virar agora?"
Morreu no dia 11, aos 85,
em São Paulo, de falência
múltipla de órgãos. Deixou
uma filha e dois netos. Único
dono, o Del Rey será vendido.
obituario@folhasp.com.br
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