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COTIDIANO
William Ali Chaim, presidente do segundo grupo de ônibus da cidade, afirma que assumiu cargo por indicação do secretário
"Fui indicado por Zarattini", diz petista
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O militante do PT William Ali
Chaim afirmou à Folha, em entrevista, ter sido indicado para assumir a presidência do segundo
maior grupo de ônibus da cidade
de São Paulo pelo secretário dos
Transportes, Carlos Zarattini.
A informação foi dada anteontem à noite, mais de três meses
depois de ele passar a comandar
as viações de Romero Niquini, cuja frota de 900 veículos transporta
quase 10% dos 3,7 milhões de passageiros do sistema paulistano.
Na época, Chaim havia deixado
a campanha a deputado federal
de Ricardo Zarattini, pai do secretário dos Transportes, mas negava qualquer interferência de representantes da administração
Marta Suplicy em sua ida ao grupo Niquini. Dizia apenas que tinha sido indicado por empresários de ônibus do ABC paulista
devido a sua atuação profissional.
A transferência de Chaim era
vista com estranheza por vereadores e empresários do setor não
só por ele ser um petista histórico,
que trabalhou ativamente em
campanhas desde 1982, como pela proximidade das eleições e da
licitação que a prefeitura vai fazer
para selecionar novos operadores
do transporte por até 25 anos.
Chaim, que já trabalhou com
Rui Falcão, secretário de Governo
de Marta, e José Dirceu, presidente nacional do PT, diz não ter visto
outros interesses na indicação
além da "preocupação operacional" com as viações de Niquini.
"As empresas vinham ruim das
pernas. O quadro gerencial estava
desgastado e eu poderia reverter
essa situação", disse Chaim, cujas
relações com Zarattini ficaram estremecidas após a prefeitura romper os contratos de Niquini, há
mais de 40 dias, sob a acusação de
irregularidades na prestação de
contas da arrecadação.
O empresário Niquini também
atua no ramo de limpeza urbana e
conseguiu, em seis meses, quase
R$ 70 milhões em contratos em
duas capitais administradas pelo
PT -São Paulo e Belém.
Na última semana, com base em
uma reintegração de posse dada
pela Justiça, ele começou a retomar seus ônibus que foram encampados pela prefeitura após a
rescisão contratual: 25 deles foram recolhidos anteontem e 34
ontem de madrugada, totalizando 59, todos de fabricação 2002.
Esse lote de 34 estava em uma
garagem da prefeitura, no Jabaquara. Segundo a SPTrans (São
Paulo Transporte), eles estavam
lá, e não nas viações a que pertencem, por causa da disponibilidade
de vagas. "Eles tentaram esconder
os ônibus", afirmou José Maria
Dias Júnior, do escritório de advocacia Souza Filho, que defende
Niquini e que pretende entrar
com uma representação no Ministério Público dizendo que houve resistência à decisão judicial.
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