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"Jobim veio aqui para cafezinho", diz mãe de vítima a secretário dos Direitos Humanos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Reunido ontem no morro da
Providência com parentes das
três vítimas da chacina no morro da Mineira, o secretário especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República,
Paulo Vannuchi, ouviu críticas
ao comportamento do ministro
da Defesa, Nelson Jobim, na visita à favela na terça-feira.
Mãe de criação de Marcos
Paulo, 17, uma das vítimas, Maria de Fátima respondeu da seguinte forma a Vannuchi, que
perguntara se Jobim havia se
encontrado com os parentes:
"Não, ele veio aqui só para tomar cafezinho".
Na visita à favela, Jobim pediu perdão em público, mas não
conversou a sós com os parentes. Ele se reuniu só com líderes
comunitários. O ministro tomou café em uma casa, o que
gerou o comentário irônico de
Maria de Fátima. O Ministério
da Defesa não comentou o assunto ontem.
Contradições
Vannuchi foi ao Rio para
acompanhar a investigação sobre o crime. Ele disse que o
Exército subestimou os relatos
de abuso por parte dos militares na favela.
Também afirmou ver contradições entre os depoimentos de
membros do Exército, da Polícia Civil e de familiares dos
mortos. Da parte do Exército,
foram relatados "entre 11 e 13"
episódios de supostos abusos
de poder; da parte dos moradores, os relatos eram "de uma situação repetida de ocorrências", como toques de recolher,
intimidações e violência.
"Não há nenhum encaixe entre os relatos. As famílias relataram muitos comportamentos inadequados. Vamos propor que a polícia tome novos
depoimentos dos moradores.
Também vou levá-los ao presidente Lula", disse .
Ameaças
Duas das três mães pediram
proteção para seus familiares,
que, segundo relataram, têm
recebido ameaças de morte.
Enquanto Vannuchi ouvia os
relatos, na praça Américo
Brum, um morador tinha a casa
invadida por quatro militares,
segundo contou à Folha. O catador de latas Marco Antônio
da Silva, 24, afirmou que militares entraram em seu quintal.
O Exército nega.
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