São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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PORTUGAL

Brasileira é condenada pela morte de filho, mas ficará livre

VITORINO CORAGEM
IRINA VERÍSSIMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

A Justiça de Portugal condenou ontem a brasileira Ana Virgínia Sardinha, 38, pelo homicídio do próprio filho em julho de 2007. Assim, ela poderá cumprir pena em liberdade no Brasil -por cinco anos, será obrigada a ter acompanhamento anual psiquiátrico ou psicológico. Os profissionais terão de enviar relatórios anuais sobre ela.
Ana Virgínia não será presa porque foi condenada a uma pena "especialmente atenuada". A lei portuguesa prevê restrição de liberdade para crimes cujas penas variem de oito a 16 anos. Ainda não há previsão de quando ela voltará ao Brasil.
O coletivo de juízes de Alenquer considerou como atenuantes o fato de Ana Virgínia não ter antecedentes criminais e ter apresentado bom comportamento na prisão preventiva -ela está presa desde julho. Para a juíza presidente, Graça Silva, o estado psíquico e o contexto em que a morte do filho ocorreu justificam a pena menor.
Leonardo Brittes Sardinha Santos, 6, morreu no dia 5 de julho por intoxicação. A acusação sustentou que Ana Virgínia obrigou o filho a tomar três frascos de um remédio para epilepsia -que o menino já usava-, o que causou sua morte. A mãe afirma ter dado mais doses do medicamento do que o normal para que o filho dormisse.
Eles se preparavam para voltar ao Brasil. Ana Virgínia havia decidido voltar para o Brasil duas semanas após chegar a Portugal. Ela chegou ao país para viver com o ex-jogador do Benfica Nuno Sampaio, mas o relacionamento não deu certo. Ambos haviam se conhecido pela internet em 2005.
O tribunal desqualificou a tese da acusação -homicídio qualificado, cuja pena máxima é de 25 anos. A Justiça portuguesa considerou que a brasileira teve "uma culpa média" porque não conseguir aceitar o fim de um namoro, além de estar longe da família e não ter amigos em Portugal. No entanto, o tribunal concluiu ter ficado provado que ela matou o filho por intoxicação medicamentosa, uma vez que lhe administrou uma dose 18 vezes superior à recomendada.
As advogadas de defesa não quiseram dar entrevista.


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