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Turista enfrenta maratona de até 18 h para viajar a Bariloche
Alerta sobre a presença de cinzas vulcânicas desviou vôos; 5.000 brasileiros foram afetados
Passageiros que desceram em Neuquén seguiram em ônibus fretados por 460 km; sem estrutura, aeroporto local entrou em colapso
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Cerca de 5.000 turistas brasileiros que tentavam embarcar
ou desembarcar na cidade de
Bariloche, na Argentina, no último sábado, foram obrigados a
viajar 460 km de ônibus (mais
do que a distância entre São
Paulo e Rio, de 429 km).
O contratempo ocorreu depois que os vôos com destino a
Bariloche foram desviados para
a cidade de Neuquén devido a
um informe meteorológico que
alertava para a presença de cinzas provenientes de um vulcão.
Em alguns casos, o desembarque demorou até 11 horas, devido à superlotação no aeroporto.
Além disso, os turistas perderam cerca de 7 horas na viagem
de ônibus. No total, o trajeto
-que demora, em média, 4 horas- chegou a levar 18 horas.
Uma das principais cidades
para o turismo de inverno na
América do Sul, Bariloche recebe cerca de 40 mil brasileiros
na alta temporada, entre os meses de junho e agosto.
Dezessete vôos fretados das
companhias Gol, TAM e Varig
que iam para Bariloche foram
desviados para Neuquén devido a um alerta meteorológico.
Primeiro, o Serviço Meteorológico Nacional tinha informado que havia uma nuvem de
cinzas do vizinho vulcão chileno Chaitén sobre Bariloche.
Uma hora depois, no entanto, outro informe da mesma
agência avisava que era apenas
uma nuvem de fumaça vulcânica, o que não atrapalharia pousos e decolagens. Mas, nesse intervalo, as companhias brasileiras já haviam ativado a "operação Neuquén" e desviado os
vôos para essa cidade.
O aeroporto de Bariloche não
foi fechado e aviões das companhias Aerolíneas Argentinas,
Austral e Pluna voaram normalmente para a cidade.
A maioria dos passageiros
brasileiros afetados se dirigia a
Bariloche e teve que enfrentar
filas para entrar em ônibus
contratados pelas agências de
viagem. A distância de 460 km a
que foram submetidos incluía a
travessia de estradas em montanhas a baixas temperaturas
até que pudessem chegar ao
destino final.
Outros turistas estavam voltando para o Brasil e foram
obrigados a fazer o trajeto contrário, de ônibus, de Bariloche a
Neuquén, para embarcar.
Colapso no aeroporto
Sem estrutura para receber
tanta gente, o aeroporto de
Neuquén, que não é internacional, entrou em colapso. Turistas afirmam que não havia comida nem água à venda, o que
tornou a espera mais penosa.
Centenas de passageiros tiveram que esperar dentro dos
aviões, pois o desembarque foi
feito por um sistema de imigração e alfândega instalado há
apenas 15 dias a pedido das
companhias brasileiras.
Alguns turistas chegaram a
aguardar duas horas dentro da
aeronave, à espera de autorização para decolar.
"Quando começou a história
das cinzas, os operadores brasileiros pediram para ter uma alternativa porque precisavam
programar os vôos com ao menos 12 horas de antecedência",
afirmou à imprensa local o presidente da Câmara de Turismo
de Bariloche, Alberto Del Giudice, para quem o problema já
foi superado.
"Obviamente é um problema
enviá-los a Neuquén, mas os
turistas estão muito bem agora.
Uma vez que viram a neve, esqueceram de tudo", afirmou
Del Giudice.
Ontem, novo alerta sobre a
presença de cinzas vulcânicas
provocou o cancelamento de
um vôo da Lan para Bariloche.
Os vôos da Aerolíneas operaram normalmente.
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