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Índios defendem aldeia usando arco e flecha
Incêndio ocorrido no dia 18 deixou guaranis em estado de guerra na praia de Camboinhas, em Niterói (RJ)
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Há quatro dias em estado de
guerra, índios guaranis da aldeia Tekoá Itarypu, na praia de
Camboinhas, em Niterói (região metropolitana do Rio), estão a postos com arco e flecha
para defender suas terras.
As animosidades começaram
às 11h da última sexta-feira,
quando um incêndio supostamente criminoso consumiu
cinco ocas, uma "casa de reza" e
um espaço que reunia objetos
da história da tribo. Apenas
uma pessoa ficou ferida, mas
passa bem. O prejuízo estimado pelos índios é de R$ 7.000.
No momento, só havia mulheres e crianças na tribo, que
tem 53 pessoas. Os 20 homens
adultos estavam em reunião
com membros da Funai (Fundação Nacional do Índio) para
pedir a demarcação da área,
que pertence ao governo federal e foi ocupada em março.
De acordo com o cacique
Darci Tupã, 29, as índias viram
os responsáveis pelo fogo chegando e fugindo em um Ômega
prata importado. Segundo a 81ª
DP, onde o caso foi registrado,
as placas anotadas são de um
carro de Juiz de Fora (MG), do
modelo apontado, mas preto. O
caso será enviado à Polícia Federal, por envolver índios.
Para o delegado Milton Olivier de Azevedo, da 81ª DP, o incêndio pode ter sido causado
por donos de terrenos vizinhos
ou a mando de imobiliárias. A
região é valorizada -o metro
quadrado custa, no mínimo,
R$ 500, afirma uma imobiliária. A presença dos índios, que
ocupam uma área de 30 mil
metros quadrados, avaliada em
R$ 15 milhões, causaria desvalorização.
Tupã calcula que precisará
de dois meses para reconstruir
as ocas. Por enquanto, os índios
estão dormindo em barracas
improvisadas e na única construção de alvenaria existente
na aldeia. Para ajudar na obra e
vigiar a área, índios de tribos de
Paraty e até do Espírito Santo
devem chegar.
Por meio de nota, a Funai
disse que desde junho analisa a
hipótese de demarcar a área.
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