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Moradores dizem que fogo começou com vela; combate às chamas mobilizou 35 carros do Corpo de Bombeiros
Incêndio deixa 1.115 desabrigados e mata um em favela de SP
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio na madrugada de
ontem matou uma pessoa na favela Paraguai, na Vila Prudente
(zona leste de São Paulo). De
acordo com a prefeitura, 289 famílias -totalizando 1.115 pessoas- ficaram desabrigadas.
O Corpo de Bombeiros deslocou 35 veículos e 130 homens para
conter o fogo. O incêndio consumiu uma área de 4.000 m2, atingindo 300 barracos, e só não foi
maior porque o fogo foi barrado
por uma fileira de paredes de alvenaria que rodeiam o lugar.
Era madrugada, por volta da 1h,
quando as chamas apareceram.
Apesar da chuva que atingia a região nessa hora, o fogo se espalhou rapidamente e só foi controlado quase três horas depois.
O corpo de Manoel José de Neguras, 54, foi descoberto às 6h20.
O bombeiro Celso Batista de Jesus
caiu sobre um barraco e teve fraturas numa costela.
Segundo vizinhos, o incêndio
começou porque uma moradora,
identificada apenas como Heloísa, saiu de casa e deixou uma vela
acesa sobre um sofá para iluminar
o local onde seus dois filhos, de
três e oito anos, dormiam. Um vizinho arrombou a porta e conseguiu salvar as crianças.
Segundo o coronel Jair Pacca de
Lima, comandante do Corpo de
Bombeiros, o fogo se alastrou rapidamente por causa da grande
quantidade de material inflamável (como madeira e estofados) e
da proximidade dos barracos.
Muitos foram para a rua com a
roupa do corpo. Outros conseguiram salvar parte de móveis e eletrodomésticos. Pela manhã, havia
apenas madeira queimada, fumaça e ferragens retorcidas.
O combate ao fogo teve a ajuda
de moradores do local e de favelas
vizinhas. Um dos que ajudaram
foi o morador José Genoíno, 55,
que morava na favela vizinha ao
Morro do Urubu. "Eu vim ajudar
porque já perdi tudo num incêndio e sei como é isso", disse, referindo-se a um incêndio que aconteceu na favela em 2000.
Segundo a secretária da Assistência Social, Aldaíza Sposatti, das
289 famílias desabrigadas, 168 foram para casa de amigos. Outras
121 vão ficar temporariamente na
Creche Esperança -perto da favela- e em escolas municipais.
"O normal é não passar de 30 dias
a permanência em alojamentos
provisórios", disse Sposatti.
A secretaria distribuiu colchões,
cobertores e alimentos. "O que
podemos fazer é levá-los para um
abrigo, providenciar cestas básicas e encaminhar as famílias mais
carentes para o Renda Mínima.
Mas precisamos, mesmo, é reurbanizar as favelas de São Paulo,
pois a cada três meses temos um
incêndio", disse a prefeita Marta
Suplicy (PT), em visita à favela.
A prefeita irá discutir com o governador Geraldo Alckmin
(PSDB) possíveis soluções para o
problema. Segundo a Secretaria
Municipal de Habitação, o Estado
havia assumido, em 2000, compromisso de transferir os moradores para projetos habitacionais
da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O planejamento teria atrasado porque o terreno escolhido
perto dali estaria contaminado.
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