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ANTONIO MENDES DA ROCHA FILHO (1958-2008)
A razão de se viver pelo teatro de Tatuí
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Tem sido assim há mais de
50 anos. Gente de todo o país
vai a Tatuí (SP) estudar no
Conservatório Dramático e
Musical -cujo lado "dramático", que hoje atrai 250 alunos, tanto dependeu da atuação de Antonio Mendes.
Não que ele tivesse deixado Mococa (SP) para ser ator
na "capital da música". Foi
aprovado no concurso para
funcionário público da Cesp.
E foi viver em Tatuí, onde logo fez cursos, oficinas e começou a atuar (como o pai da
menina judia em "O Diário
de Anne Frank"). Fez faculdade e pós-graduação em artes, largou o emprego, e decidiu dedicar-se totalmente ao
teatro do conservatório.
"Havia então filas nas entradas do teatro", diz uma
funcionária, após lá fundar o
Grupo Teatral Novas Tendências. Tanto que o grupo
cresceu e mereceu um curso
de teatro e outro de formação de atores. E assim Mendes coordenou o setor de teatro por quase 20 anos.
Volta e meia tinha rusgas
com os atores, entre os quais
sua dedicação nem sempre
encontrava eco. Dava aulas
de direção e sonoplastia; organizava festivais; atuava em
peças polêmicas -sua última
apresentação foi em "O Livro
de São Cipriano"; e dirigia
outras não menos delicadas,
como "Mulheres de Nelson",
baseada na obra de Nelson
Rodrigues. Foi sua última.
Era um homem "solitário,
mas feliz na solidão", diz a
amiga. Solteiro e sem filhos,
"tinha no teatro a razão de viver". Morreu na segunda, de
infarto, aos 49 anos.
obituario@folhasp.com.br
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