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Deputado é preso acusado de chefiar milícia
Natalino Guimarães, do DEM, e mais cinco pessoas são suspeitos de integrar grupo que "vende" segurança na zona oeste do Rio
Acusados e polícia trocaram tiros; segundo a polícia, político participava de reunião de 13 integrantes do grupo "Liga da Justiça"
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O deputado estadual Natalino Guimarães (DEM), 52, foi
preso no final da noite de anteontem sob acusação de integrar uma milícia que atua em
Campo Grande, zona oeste do
Rio. Outras cinco pessoas foram presas, entre elas dois PMs
e um agente penitenciário.
A operação, que contou com
cerca de cem policiais civis, registrou o primeiro caso de troca
de tiros entre milicianos (em
sua maioria policiais fora do
serviço ou ex-policiais) e policiais em serviço. Os seis presos
são acusados de tentativa de
homicídio, formação de quadrilha, porte ilegal de armas e favorecimento pessoal.
O deputado Natalino Guimarães nega as acusações.
Ele havia sido denunciado
pela Procuradoria Geral do Estado sob acusação de formação
de quadrilha, no mesmo processo que levou seu irmão, o vereador do PMDB Jerônimo
Guimarães Filho -o Jerominho-, à prisão. O deputado responde em liberdade.
As milícias são grupos de policiais e ex-policiais civis e militares, agentes penitenciários e
bombeiros que "vendem" segurança a uma determinada área.
Segundo a polícia, eles impõem uma lei paralela, com um
sistema próprio de punição, como tortura e homicídios para
usuários de drogas ou ladrões.
Exploram ainda o transporte
alternativo e o repasse de gás de
cozinha, já que esses serviços
não são oferecidos nas favelas.
"A milícia é crime muito difícil de obter flagrante. Foi uma
prisão muito importante", afirmou o secretário de Segurança
do Rio, José Mariano Beltrame.
A Assembléia Legislativa
analisa hoje a legalidade da prisão. O prefeito Cesar Maia
(DEM) afirmou que o partido
definirá um relator da comissão de ética para analisar se Natalino será expulso da sigla.
"Liga da Justiça"
Os policiais chegaram por
volta das 23h à casa do deputado. Ali ocorria, segundo a polícia, uma reunião de 13 integrantes da "Liga da Justiça",
como se autodenomina a milícia que atua em Campo Grande.
A intenção era esperar amanhecer, mas um olheiro descobriu os policiais, segundo o delegado Marcus Neves, que comandou a operação. Neves disse que houve troca de tiros e sete homens conseguiram fugir,
entre eles o filho de Jerominho,
o ex-PM Luciano Guimarães.
Fábio Pereira de Oliveira, um
dos presos, foi ferido na mão.
Também foram presos os
PMs Rogério Alves de Carvalho
e Ivilson de Lima, o agente penitenciário Vagner Resende de
Miranda e o assessor parlamentar Julio Pereira da Costa.
A polícia afirma ter apreendido na casa um fuzil AR-15, duas
escopetas, uma submetralhadora, quatro pistolas e dois revólveres, além de fardas.
A casa de Natalino, que segundo a polícia foi preso com
uma arma na mão, é apontada
pela polícia como o "QG" da
"Liga da Justiça": concentrava
parte das armas, as decisões sobre assassinatos e as atividades
ilegais. O grupo é investigado
por pelo menos 70 mortes.
A prisão provocou protestos
de moradores da região. Durante a noite, quando foi preso,
Natalino foi aplaudido pelos vizinhos. Ele fez o mesmo gesto
do irmão quando detido: levantou as mãos mostrando as algemas. Pela manhã, cerca de 30
pessoas fizeram uma manifestação em frente à 35ª DP contra
a prisão do deputado.
Segundo as investigações,
Natalino comanda a milícia
com o irmão preso. Desde janeiro de 2007, a Secretaria de
Segurança afastou 70 policiais
civis e militares, de um total de
350, por envolvimento com milícias, segundo Beltrame.
Colaboraram FÁBIO GRELLET e LUISA BELCHIOR , da Sucursal do Rio
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